sexta-feira, 15 de abril de 2011

FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO

                    FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO
                                                                                   04/2011  
                                                                       Neumar Monteiro

            Antigamente, por certo, havia mais dignidade no viver: as pessoas se interessavam pelas outras e até ajudavam com o pouco que tinham, fosse comida ou dinheiro. Tudo era diferente de agora, que posicionou o homem como um vilão de si mesmo no egoísmo no qual se trancou. Na atualidade o lobo do homem é o próprio homem, conforme já o disse Thomas Hobbes, filósofo inglês, no Leviatã, querendo afirmar que o homem é individualista e só visa seus interesses tendo que ser comandado por alguém, pelo contrário a sociedade viraria um caos.  
            Meu pirão primeiro: igual à mesquinhez e a      arrogância que avassalam o mundo inteiro, sabendo-se que na verdade as duas são farinha do mesmo saco. É triste ver a ruína da solicitude destes tempos perigosos, quando se segue o ditado do primeiro eu e depois o resto. Na verdade, tudo cai na falta de amor ao próximo e que se lixem os demais! Falha egoísta do caráter, civilização incivilizada, onde impera a “lei do mais forte” prevalecendo sobre o mais fraco. O pior inimigo do homem é ele mesmo! Conforme aconteceu no Realengo, Rio de Janeiro, quando a violência em forma humana invadiu uma escola e matou doze estudantes deixando também, no rastro do massacre, vários feridos. No gênero, a maior tragédia em número de vítimas na América Latina e inusitada, particularmente, no Brasil. 
            Ao relembrar de outros episódios que já presenciamos talvez possamos medir a falta de espaço e de solidariedade a que somos expostos: os carros atropelando pedestres, por simples prazer do motorista de se mostrar mais forte ou exibir o carro possante; mulheres não são respeitadas em algumas repartições públicas, mesmo com criança no colo, embora a prioridade na fila seja obrigatória por lei; outros estabelecimentos não respeitam os deficientes, taxando-os de importunos e aleijados; o mendigo é olhado de soslaio aonde    chega, medo que seja um ladrão ou pedinte impertinente; um estranho é sempre considerado marginal, até que se prove o contrário... É o temor da vida que se apregoa nas praças, nas ruas e nas escolas. Medo de ser roubado, medo do medo e dos fatos rotineiros...  Pois o ditado que se soletra está na pontinha da língua: Farinha Pouca Meu Pirão Primeiro!                


 

Um comentário:

  1. Triste e dura realidade atual!

    Consola-me saber que ainda existem pessoas do seu quilate: dignas, sensíveis e solidárias!

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