sexta-feira, 28 de maio de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

QUANDO JOVENS, SONHAMOS ESTRELAS -07-2013

                                                                                            Neumar Monteiro             

                                                                                                 

O tempo passa depressa nesta terra pendurada no universo e a juventude se ressente desta velocidade feérica que nos persegue; e os jovens sentem que a felicidade está por um fio, como o apagar da lâmpada ao dormir. Querem perseguir as novidades e inventar novos jogos que nem por interesse, todavia pela vontade de jogar, mostrar-se adulto e arvorar o pavão que está dentro de si... Enfim, exibir-se para os colegas e as meninas, como um meteoro que passa no céu rasgando a escuridão da noite deixando o rastro luminoso de sua cauda. Ai, que saudade da mocidade!  Ai, que saudade do pique-bandeira e do passar anel; de correr na noite e de namorar a dindinha lua da rede do quintal sonhando estrelas. Hoje o céu nebuloso, sombrio e triste, apaga a beleza da lua e esconde as estrelas. Como vamos guardar na mente o brilho dos astros que permeiam o estro dos poetas? Como vamos sonhar estrelas se  estão perdidas na voragem dos ares contaminados? Coitada e triste mocidade!...

                    Volúpia dos desejos como estamos jovens, sonhando estrelas, forasteiras, além do universo. Outros mundos nós queremos cativar; outros engenhos  queremos lançar no espaço para descobrir o que somos e para sorrir outros tantos passageiros da vida. O ônibus espacial já chega ao futuro, para concorrer com as estrelas cadentes a velocidade do seu rumo. Enfim, o homem quer dominar tudo, desde o centro da terra até às alturas indomáveis, tudo pela ganância ou esperança de descobrir outras plagas para fazer novos ninhos; pela cobiça de nova vida e pelo bolso cheio de pedras preciosas que o imensurável universo com certeza tem. Esta é a obsessão dos terráqueos.

                     Na juventude de agora não se lê uma poesia, nem livros de alegorias, nem romances e, certamente não, as Escrituras Sagradas... Infelizmente só os gibis de faroeste e calendários de mulheres nuas. A própria jovialidade induz a descobrir os tesouros da nudez invadida como partida para principiar o sexo. Os filmes exibem escandalosos enredos, que dá medo de se ver; os jovens presenciam todos os atos em suspiros, sonhando paraísos e estrelas desnudas. Nada como antes neste mundo pervertido que, sem sentido, quer acabar com a memória do passado com seus  beijos roubados e os apalpos tremidos para conquistar a presa. Agora e para frente será muito maior o desencanto, porque o mundo faz alarido do pecado da gente e, também, os males da modernidade como em pílulas de prazer drogando a juventude em casas proibidas aonde se perdem vidas. Até quando os bandidos vão sacolejar à frente este pecado desumano? Droga, droga e droga, no estertor da hora e na escória da maldade. Canalhas que se empenham no vício e o passam para frente para divertir fulanos. Covardes, malditos e insanos, escória da juventude e bandidos da sociedade!... A coisa está preta e propagando-se para o mundo inteiro.

                       Nós, os brasileiros, sonhamos estrelas verdadeiras, aquelas que ajudam os hospitais, as que cantam canções de paz e de esperança; vivemos para a felicidade e, não, para o desespero, que alcança o coração ferindo o nosso orgulho; queremos ver o brilho no sorriso da criança de infância sadia; sonhamos partículas de felicidade nos trabalhadores da terra; vivemos pela Pátria que sonhamos ter um dia e não mentiras de falsos anjos bandoleiros; enfim, somos brasileiros, que amamos o mundo inteiro, querendo distribuir o pão e sonhando estrelas abaixo do céu azul nesse manancial de paz... Quem não queria ter? Quem não queria tal?.

sábado, 22 de maio de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

NINHAL DAS GARÇAS      07 – 2013

                                                                                                                                     Neumar Monteiro

                                                                          

 

             A cidade de Bom Jesus foi premiada para ser o “ninhal das garças” que, por escolha das aves, chegam em revoadas ao entardecer do dia para a postura dos ovos.  É um espetáculo de voos de variadas direções que encantam aqueles que apreciam os movimentos das aves.  Num átimo, encontram as árvores já conhecidas para abrigo, nas cercanias do rio Itabapoana que passa, dolentemente, margeando o ninhal. Pela manhã as aves partem em revoadas para lugares distantes em busca de seu sustento. Quem vê se encanta, da revoada que esbanja: em cores, beleza, voos rasantes e algazarras constantes .

domingo, 16 de maio de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

DEVOCIONÁRIO DE JUNHO    NF    06 - 2013  

                                                                                                                                 Neumar Monteiro                                                                                                                    


         O mês de junho traz o perfume das festas com barraquinhas floridas e os salgados das quermesses. O mês por si mesmo já é muito belo, pelas manhãs de sol, pelo desabrochar das flores invernais e pelos santos que enobrecem os dias juninos, a saber: São Bonifácio 05 de junho; Santo Antônio 13 de junho; São Gregório 18 de junho; São João Batista 24 de junho comemorando a Natividade; 27 de junho São Cirilo de Alexandria; 29 de junho, São Pedro e São Paulo... Há que se utilizar o livro de orações e devoções para encontrá-los. Que mês tão belo! Que noites lindas para observar o céu repleto de estrelas e para rezar o Santo Rosário! Noites de plena paz, em que os sonhos mais perfeitos nos fazem felizes por trinta dias inteiros.

         Lembranças da meia noite em que as fogueiras ardiam fogueando a batata doce e as espigas de milhos; as crianças cantando em volta as músicas de São João, Santo Antônio... e os balões, enfeitando a festa, voando pelo ar fresco de junho. Que vibração de alegria! Que cheiro gostoso do algodão doce e da pipoca da praça!... Lembro e relembro as algazarras das crianças, as gargalhadas da infância, o passa anel, a corrida do corre coxia que já não encontramos mais. A infância já não é a mesma, agora está usando roupas de grifes, calças justas e blusas decotadas para mostrar os primeiros anúncios da puberdade que é um conjunto de transtornos morfológicos, funcionais e psicológicos, o que denominamos a passagem progressiva da segunda infância para a adolescência.

          Hoje, quando se avista uma criança, quase sempre o seu aspecto é taciturno, tristonho e preocupado, dificilmente mostra um sorriso, aqueles sorrisos infantis com falhas de alguns dentes da frente, o que era o terror da meninada em épocas atrás; na atualidade ninguém liga para tanto, só uns poucos desastrados que querem fazer troça chamando-os de banguela. Mesmo assim, leva os dentinhos aos pés de Santo Antônio para que nasçam mais bonitos dos que os que perderam. Hoje não se faz mais tanto, a criança já nasce curiosa e com vontade própria, voluntariosa e sabida como um adulto. Já não canta mais na igreja por causa da vergonha o que, na verdade, é o namoradinho que está ali perto do seu banco, assim é melhor ficar de boca calada para que os pais não descubram o namorico.  O Santo Antônio não age, ali quietinho... Graças a Deus ele é meu amigo! Repete a criança.

           Neste mês de junho começa o inverno, depois de vários meses de calor e suor; tudo melhora o ambiente agora: as manhãs são mais vistosas, as árvores carregam os galhos com mais guaridas, morangos vermelhinhos brilham nas feiras e as mangas amadurecem bem cedinho. Que coisa boa é o inverno! Frutos de variadas cores, como se flores de variados tons. Hoje é noite de mergulhar o olhar na lua, que cresceu no céu como uma asa dourada de pavão, espalham os olhos que para ela espiam como se fossem as garras afiadas de um dragão. Santo Antônio, São Pedro e São João carreguem para nós o seu perdão! Diga a Jesus nas alturas que nós, da terra, espiamos o doce luar que nos dá. Fascinados no voltear das noites que chegam para adormecer, amanhã esperamos a noite, após o entardecer, para ver a lua clara, vaidosa bailarina, jogando fachos de luz nas lamparinas juninas.