segunda-feira, 28 de junho de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

UM HOMEM QUE FEZ HISTÓRIA  09 - 2011

                    São José do Calçado, 10 de setembro de 2011    -    Neumar Monteiro  

                                                                           

          Com carinho e responsabilidade, atendi o pedido do  Presidente desta Arcádia, Professor Edson Lobo Teixeira, para que, nesta oportunidade do lançamento do selo comemorativo do Jubileu de Porcelana da ACL, também proferisse Homenagem Póstuma ao saudoso Confrade  Dr. Luciano Augusto Bastos. Confesso-lhes, sinceramente, que não possuo capacidade tanta de discorrer sobre tão preciosa  criatura cuja vida, pontilhada de vitórias e benemerências,  sacudia a inércia da sociedade literária e defendia com seu fluente e inquestionável  discurso  os pilares da cultura . Audácia tanta, mesclada da vontade de elevar as mentes na construção de um futuro melhor – Um Semeador de  ideias e de idealismo.

          Filho de Olívio Borges Bastos e Vivaldina Martins Bastos, nasceu em Carangola Minas Gerais, aportando em Bom Jesus, como um Moisés da história, no ano de 1933. Ali construiu família com Leny Borges Bastos, a bondosa matriarca que ombreou, com Luciano, um inestimável trabalho na educação dos filhos: Dra. Cláudia Borges Bastos, Advogada;  Dr. Gino Martins Borges Bastos - Promotor do Ministério Público em Guaçuí; Dra. Paula Aparecida Borges Bastos, veterinária e Dra. Francia Bastos da Silveira, médica. Netos: Diogo Bastos do Carmo, Patricia Bastos do Carmo, Matheus Bastos da Silveira e Julio Bastos da Silveira. Uma bela família para um homem de bem!

          Morreu o homem, mas traçou caminhos de desenvolvimento e de trabalho. Não foi um mero expectador da vida, pois atuou em amplas atividades: como Atleta e Presidente do “Olympico” Futebol Clube; Presidente do “Rotary Clube”; Presidente do “Centro Popular Pró-Melhoramentos”, mantenedor do Hospital São Vicente de Paulo; “Casa das Meninas” Luiz da Silva Teixeira e “Instituto de Menores” Roberto Silveira. Presidente dedicado do PMDB; da Comissão da Festa de Agosto; Diretor e após proprietário do Colégio Rio Branco (hoje Espaço Cultural Luciano Bastos);  exerceu o cargo de Secretário de Educação por duas vezes; Diretor e proprietário de “O Norte Fluminense”; Advogado de destaque e Presidente da 17ª subseção da OAB de Bom Jesus; Presidente e Secretário Geral da Academia Bonjesuense de Letras, impulsionando a cultura como se fosse a barca da própria vida. Registrando que, também, fez parte do ILA – Instituto de Letras e Artes; Presidente do Conselho Deliberativo e baluarte do Aero Clube - época dos concorridos bailes, basquete e gincanas escolares.

          Um grande homem para uma pequena época, cuja magnitude era incompreendida ou às vezes taxada de inconveniente. Malgrado de a inveja perseguir àqueles que triunfam, àqueles cuja inteligência transcende a comum, àqueles que são chaves e não entraves  o  mundo sofre deste perverso mal, desde a inveja de Caim para com o irmão Abel. O Dr. Luciano também foi perseguido, humilhado e invejado, mas não se quedou às investidas dos pobres de espírito, pois era moldado para o sucesso: era força e não fraqueza,  era vencedor e não perdedor; era ajuda e não fracasso. Assim foi traçado o seu caminho, que de louros, tantos colhidos; que, de ouro, nunca ofuscou seus olhos. Passou deixando sua marca, partiu deixando o exemplo.

terça-feira, 22 de junho de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

MIGALHAS  AOS  POBRES  -  12 - 2013

                                                                                  Neumar Monteiro

                                 

                                   Um protesto subversor tomou conta das ruas, depredando vidraças, bondes, ônibus e praças para mostrar a força do povo brasileiro que carrega sob o ombro a migalha do salário e o desprezo da casta. Famílias inteiras passam fome por não terem o que por na mesa e, também, não fazerem parte da burocracia infame que lança migalhas aos pobres. Em que mundo nós vivemos? ... Apartados da vida, esconjurados da sociedade, denunciados sem brigas, levando só o desprezo pelas calçadas da vida...

                                Os governantes lastimam, com asas de papagaios, entrando no avião para férias em Paris, passeando pelas calçadas dos mais abastados hotéis, sorrindo a cada momento com os implantes de porcelana, conquistando lindas mulheres para a noite que avança. Migalhas aos pobres daqui, ouro e presentes ali. O que será do Brasil?

                                 Quantos foram os protestos pelas ruas brasileiras? Os jovens pintaram a cara e desenharam no peito a força da sua raça; pincharam a praça de guerra com sangue, porretes, bombas e tiros, o ódio semeou desgraça... O Brasil perdeu a graça e o sorriso brasileiro.

                                  Até agora o povo não atinou que o protesto não valeu a pena, tudo ficou como antes na terra de Abrantes, um protesto suburbano... Em que mundo nós vivemos? Massacre capitalista, resistência pacífica e migalhas aos pobres? Todos nós fazemos parte desta nação que brilha nas revistas além de muitos outros países. Somos acomodados em nossos fazeres, mas nem sempre a pressa é amiga da perfeição. O céu abre as portas do Brasil, terra hospitaleira e varonil... Até quando? A rede espera na varanda, o sol empresta mordomia e a praia de areia branca convida o sol que a visita.

                                 Nas casas vazias, de espaços pequenos, nem migalhas caem no barro do chão, a fome aumenta e a coragem treme – mais outro dia sem arroz e feijão! Migalhas, aos pobres, conferem confetes no barro pidão. Tudo se afasta quando se trata de grana, que engana a virtude e estende a mão: não tenho nada para encher a caneca, por favor, dá-me a moeda, por favor, meu coração! Num espaçoso muxoxo, corre o irmão para não abrir a mão. Continuou a vida simplória - denguice, dengue e dengosa. 

                                   Pensou-se haver solução para a falta do pão, porém, não aconteceu nada, como se fosse uma barata entorpecida sem saída para a tarde que caminha e ficou tostada pela ilusão. Adeus tarde rubra, tarde de outubro, quando o sino da procissão tocava alto na torre e os operários, deixando a obra, sonhavam com a casa adormecida da mulher querida.  Adeus futuro que emergia dos meus sonhos... Silentes, azuis de etileno, na fronteira da dor e da guarida; adeus amor que nem cheguei conhecer nesta vida, forasteira dos pobres de migalhas e fantasias; lobo, lobo do mau, variava a vida, no quintal, como se fosse agora que a morte, num intento, queria correr com o vento para perseguir a vida: adeus margarida amarela, adeus rosa rosáceas e vistosas nas roseiras, quem não as vejam não se cresça com amor de um amor na liberdade serena da bondade que o acaso, assim, presenteou. O povo brasileiro sempre decantou a força da vontade, trabalho nas rochas e nas cidades garimpando o pão da terra que lhe traz felicidade; um povo valente e bom que não merece migalhas, porém, sim, aplausos tantos na vida. Migalhas aos pobres minguaram com esta vida corrida sem tento e sem sentimento... Quem se importa o que se diga?    

terça-feira, 15 de junho de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

CORRIDA DO TEMPO O Empresário  -  12 - 2013

                                                                                                                                          Neumar Monteiro

                                                                                                                                            

                        Os dias passam ligeiros que mais tempo não há de amornar correria para ver o tempo passar. Corre agora, correu o ontem que já passou por aqui e já não passa acolá; vivemos na corda bamba de dois pra lá, dois pra cá, conforme for o bolero que nós devemos dançar.

                       A dança se faz lamento de tanto pra lá e pra cá, como se fosse urgente à hora de se parar: os pés inchados de bolhas quer da unha ao calcanhar, agora é hora da pausa dos dois pra lá, dois pra cá. Bota a viola nas costas, saindo na faceirice, agradecendo o bailado num tom de troça brejeira e vai buscar outros tantos nas faceirices matreiras e nas cantorias entoadas, enquanto a lua está cheia, encontrando outros bailados para dançar noite inteira pendurando a viola no galho da macieira.

                        Pausando a cantoria, a cigarra canta seu canto na brejeirice do galho, dedilhando o violão em notas de papagaio que vai entoando lamentos com saudades do pardal, o vizinho da cidade... Pausa, então, a cantoria, fugindo a voz forasteira que, sem dinheiro ou mandado, não pode animar a festa sem o pato dodói, o corneteiro da noite, que abala a passarada tocando corneta tão alta melindrando os convidados que saem depressa voando para esconder suas caras. A terra ficou melindrada e dodói fugiu contente.

                      Corra corrida no tempo, sem dar o nó na gravata; o sol achou pertinente mostrar a força da raça, pois é o rei da manhã que amanhece a boiada, que alardeia o calor nas madrugadas geladas e ficam ali espiando as cordilheiras molhadas pingando as lágrimas ao vento na profusão da invernada.  Nos olhos da noite calada há folias de carnavais, a onça avança seu passo para comer o coiote, a única presa que espreita, dá-lhe o bote pertinente e enche a boca contente, lá se foi à noite inteira comemorando o presente - corra corrida no tempo!

                      Lua minguante vira barbante de imprensada luz, tão pequena no espaço!... Segue o caminho da revolta por não ser como a lua nova, crescente ou cheia, o que desvaloriza o seu espaço de expandir beleza e que contrai o seu ego: apertar, encolher e encurtar é o seu destino.

                    Há olhos que enxergam os valores da vida, outros desmentem as suas qualidades, pois muitos renegam os destinos que lhes foram dados. O tempo absorve os desenganos de alguns e, outros, continuam a jogar pedra na própria sombra e maltratar a alma. Somos filhos da aventura do viver; somos os povos espalhados pelo mundo como judeus errantes; somos o símbolo do medo e da esperança e nascemos para acrescer um espaço preparado para nós. Somos um veículo que não pode transcender o seu destino e, se transcendeu, foi abençoado pela misericórdia de Deus.

                     Tudo nesta vida se completa no que nos foi legado; nada fica de fora no momento de nossas agruras, inseguras, do amanhã, pois tudo faz parte da nossa história e trajetória da nossa vida. Sim, temos tudo a abençoar e tudo a comover: O Papa Francisco, que abençoou o nosso povo brasileiro e arregaçou a manga da sua vestimenta para cobrir a todos ali presentes e os ausentes desta terra de esperança e louvor. O Brasil foi abençoado de todos os quadrantes desta terra bonita; vamos dançar e amar, em dois pra lá e dois pra cá, num recato de esperança que o mundo vai revirar quando a festa da cristandade, que o Papa Francisco comemorou, deixando o mundo cristão  efervescido de amor, balançando de norte ao sul a bandeira cristã da Paz para que nós, brasileiros, num abraço de amizade, coloquemos a cruz de Jesus, abençoada de luz, em cada casa e cidade - Assim o mundo é feliz!