terça-feira, 29 de novembro de 2011

POESIA "INÉDITA"

OS SONHOS DE ALICE
                                    Neumar Monteiro 

Quando Alice enlouqueceu
toda a cidade parou
havia ovelhas no céu,
na terra a água secou,
o vento soprava ao léu,
tufão-furacão endoidou,
as casas voavam no ar
causando gritos de dor...
Enquanto Alice cantava
velhas canções de amor. 

Quando Alice ensandeceu,
acenderam os candeeiros.
Toda a igreja parou
com o rosário no dedo,
passando contas por contas
enrodilhadas no medo. 

Quando Alice chorou,
o pranto da meninice,
houve dança na terra,
houve terror no inferno,
o mundo virou do avesso
como ovelha desgarrada
que enrolou todos os sonhos
numa loucura desvairada:
Os olhos rodavam nos sonhos,
os sonhos rodavam no nada. 

Quando Alice foi embora
o céu cobriu-se de luz.
Havia anjos cantando,
crianças dançando no ar...
As penas que Alice sofria
dissolveram-se ao luar.
Alice foi com Jesus,
seu nome ficou a vagar
trilhando a estrada infinita
aconchegada a sonhar.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

LIVRO "DEVANEIOS"

VOCÊ
                                        Neumar Monteiro 

Amo seu jeito indolente,
esse sorriso envolvente,
seu olhar inquiridor.
A gente fica impotente
ante a maneira eloquente
quando nos fala de amor. 

E essas mãos inconsequentes
que exploram tão insistentes
os segredos do pudor?
Dedos mestres em carícias
que embelezam as malícias
da mente, já sem censor. 

Amo seu jeito inocente,
embora, constantemente,
o veja com outro alguém.
Mas eu procuro entender:
O importante é pertencer
às muitas que você tem.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

SERRA GAÚCHA - GRAMADO




Na Praça principal de Gramado ostenta-se uma linda Igreja - IGREJA DE SÃO PEDRO - toda construída com pedras. Ressaltamos o Altar Mor e no pátio da Igreja, em tamanho natural, estátuas dos 12 Apóstolos de Cristo. Imperdível, pela localização e beleza da Santa Igreja. A próxima foto ressaltamos a “Rua Coberta”, com todo o seu charme, boutiques famosas e variadas, bares, restaurantes etc. Na última foto, o detalhe das cadeiras dos bares com os encostos forrados de peles: brancas e beges. Puro luxo!




segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SERRA GAUCHA



Noite Alemã em Nova Petrópolis, Serra Gaúcha, ocasião que assistimos danças típicas e saboreamos vários pratos da culinária alemã, doces e salgados, regados a chopp de primeira. Outra noite inesquecível.
Obs:Clique na foto para aumentar

domingo, 20 de novembro de 2011

POEMAS DE NEUMAR

PARTIDA
                                           Neumar Monteiro

Dias turvos,
sem sol...
Dias de amargura.
Raízes cortadas
e veleiros perdidos.
Norte e Sul  é o destino fatal
daqueles que viveram
a eternidade numa única hora.
Dias sem sol é o hoje,
o agora.
Nada mais resta
dos sonhos naufragados,
só a saudade
do que poderia ter sido:
daquilo que foi
e se perdeu.
De tudo que passou
já não resta mais nada.
De tudo que passou
só restou eu.
Triste eu!

sábado, 19 de novembro de 2011

POESIA INÉDITA

PAZ E AMOR
                                          Neumar Monteiro 

Foi um tempo de amor e versos.
Mais versos, na explosão dos sentidos.
Jovens lutando pela Paz
que se desfaz pelos caminhos.
Jovens sozinhos a sonhar estrelas
e descortinar janelas.
Moços em profusão
e um canhão na voz: Paz e Amor! 

Jovens na sua dor choravam
beliscadas de drogas
e um tapa na esperança.
Como crianças brincavam
de mudar a vida: casinha colorida
e flor na janela.
Singeleza... Alegria daqueles dias
Incinerados de loucuras -
fantasias de mudar o mundo. 

Na verdade houve a mudança,
como um choro de criança
esperançada que chegasse
o “Paz e Amor!” Seja aonde for...


FEZ E ACONTECEU



“JOVENS TALENTOS” – Aconteceu no Colégio Estadual Padre Mello em 17/11/2011 a culminância do Projeto Literatura, nominado “Jovens Talentos”, no qual participaram os alunos de Ensino Médio Noturno do Colégio Padre Mello, juntamente com o emérito Professor Edson Lobo Teixeira, coordenador do mesmo. O auditório Éber Teixeira de Figueiredo virou palco de músicas, peças teatrais, poesias e danças diversificadas. Valeu um milhão de palmas e congratulações: colégio unido ao excelente Professor Edson Lobo é mais do que Colégio é ARTE PURA.   

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

LIVRO - "POEMA DO AMOR ETERNO"

SONHOS
                              Neumar Monteiro 

Sigo por um caminho
despojado de orgulho e vaidade,
só encontrando amor e amizade,
numa estrada de flores sem espinhos! 

Passo fácil, chão liso de asperezas,
sem o demo da maldade e das tristezas
a embargar meus passos resolutos.
Como um ser alado,
desprendo-me da terra e voo
por paragens de carinho e de bondade. 

Nesta ventura e paz,
sou rei e sou rainha,
a repartir o pão de cada dia,
a transformar tristeza em alegria
e a levantar aqueles que rastejam. 

Mas, como é triste o despertar!
Encontro-me na terra,
sem galões ou honrarias,
a procurar estrelas no meio dos humanos,
encontrando só lama e desenganos.
Desenganos que atrofiam nossa vida,
e crestam as asas de Ícaro
                                                       dos sonhos!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

SERRA GAÚCHA

 




 

 

A primeira foto bebericando um chimarão na "Ervateira" em Gramado; a segunda foto "Estação de Carlos Barbosa"; terceira foto "Estação de Garibaldi" e a quarta foto "Estação de Bento Gonçalves". Nestas três estações assistimos danças regionais, músicas Italiana e Alemã, comidas típicas e degustação de vinhos das vinículas da Serra Gaúcha; teatros, show de acordeon e viola.Uma beleza! 


domingo, 13 de novembro de 2011

COMENTÁRIO DO PROFESSOR EDSON LOBO

Obs. Clique na imagem para aumentar

O NORTE FLUMINENSE - 11 / 2011

CRÔNICA PUBLICADA NO LIVRO "CRÔNICA PARA A CIDADE AMADA", ORGANIZADO PELO PROFESSOR ARNALDO NISKIER, MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.                   

                 BOM JESUS É ASSIM!
                                                                                            Neumar Monteiro

BOM JESUS É ASSIM: um pouco de ousadia e um pouco de saudade, meridianos que se cruzam formando uma cidade. Bom Jesus é altaneira! Um povo que não se abala com medo da lua cheia, quando ronda o lobisomem da noite bisbilhoteira.
É bom viver aqui, pois de montanhas cercada, cidade que o vento canta em época de invernada; primavera verte flores embelezando a estrada; outono pare os frutos da goiabeira emprenhada... No verão o sol brilha, fervendo o céu de andorinhas em algazarra na praça! E no lago, portal de entrada, mais o ninhal das garças, completam tanta beleza no voar da passarada.
Bom Jesus é assim! Desde agora, desde sempre. Quem vai embora retorna, quem sai daqui não a esquece, pois fica gravada na mente a saudade que só cresce. O coração do ausente não suporta a despedida, e de janeiro a janeiro a alegria é reprimida. Até que bate a certeza: que quem daqui vai embora, por certo, volta depois – não fica longe da terra quem, nesta terra, viveu... O coração não suporta a ausência do lar que é seu.
Um pouco de ousadia, um pouco de recato: um pé fincado na missa o outro no amasso. É lugar de controvérsia e muita conversa fiada; tempo que lembra o tempo de outros dias passados, da igreja tão antiga, orgulho desta cidade, ao calvário que espreita com os olhos da saudade.
O morro da caixa-d´água que em criança exploramos; Cachoeira do Inferno virou maquete de praça; cachaça famosa, a‘Matinha’, é largamente exportada e o doce Xamego Bom é, certamente, tão bom, que dele ninguém desfaz: conhecido em todo mundo vai de avião para a Europa, Estados Unidos, Japão... Todos aplaudem o xamego com cara de quero mais.
O sítio do Odilon, Dalka Diniz na janela, nunca se viu mais bela que a donzela que espiava: a vida lá fora e a tarde já indo embora; Joaquim Tamandaré e os tamarindos no pé, mangas e carambolas, no tempo que rola o tempo, no tempo que foi embora. No arrebol da saudade Dilah Ferolla na moda e Dona Carmita ensinava no colégio Rio Branco, orgulho da região, e tantos anéis graduados lhe devem a dedicação. Garagens que alugavam as bicicletas do ontem, a correria nas ruas, pavimentadas ou não, crianças, jovens e velhos curtindo o sol do verão, zanzando com vento da hora brincando nos dias de então.
Não há nada que ofereça tantos e tantos prazeres do que viver nesta terra que crescemos admirando. Gente boa, raça forte... Não há ninguém que entorte a viga do coração! Para falar a verdade, viver nesta cidade, às vezes nos aborrece. Mas a raiva logo passa, porque aquilo que importa é praticar o perdão.

Viagem a Serra Gaúcha, decolando do Aeroporto Galeão até o Rio  Grande do Sul, quando iniciamos o tour até Gramado, começo da viagem.  Acima o pórtico de entrada, frente do hotel Alpestre e panorâmica do mesmo de dia e de noite.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

RISCOS & RABISCOS

HAICAI

O NORTE FLUMINENSE - 02 / 2007

LENCINHO BRANCO  NF 
                                                                                       Neumar Monteiro

O adeus na partida e um coração despedaçado. Um lenço branco da paz que acena em meio à disputa. Um parente que segue para a eternidade e um lenço que recolhe o derradeiro gesto da saudade.
Um lenço não teria tanta importância não fosse o significado forte que transmite. Apenas um pedaço de pano, de uma cor qualquer, que cabe no bolso do rico e no do pobre também - pois não escolhe o dono e circula em todas as camadas sociais. De tanto simbolismo e de tanta dor, que até enxugou o sangue de Cristo no caminho do Calvário. Verônica exibiu o rosto Dele impresso num pequeno quadrado de tecido e depois cantou, chorando, o seu lamento.
Foi também na música “Lencinho Branco”, que alcançou tanto sucesso na voz de Dalva de Oliveira nos idos de 1952, que a importância da utilitária peça foi demonstrada. Aos píncaros da glória elevou-a, enquanto o seu coração amargava a separação de Herivelto Martins. Talvez, um outro lencinho enxugasse o seu pranto nas noites frias da solidão.
Seu poder é tão grande, que era usado nas batalhas da Idade Média e em outras posteriores para assinalar o início ou a trégua no combate. Nas histórias que se perderam no tempo ajudou no exercício da sedução, a exemplo de Salomé e de Messalina. Também é ele que esconde, pudica ou sedutoramente, o rosto das odaliscas na dança do ventre; nas burcas das mulheres do Talibã; nas promessas veladas, quando se joga um no chão para provocar a aproximação de um pretendente; ou como arma de conquista, conforme fazia Arsène Lupin quando cobria a poça de água com um deles ou com a própria casaca para que a amada não molhasse os pés. Um ladrão e arrombador elegante, mundano e cavalheiresco, foi capaz de um gesto tão cativante que o celebrizou.
Na atualidade quase ninguém o carrega, quer de seda, quer de algodão, visto que conota algo de mau gosto, antiestético e transmissor de vírus, notadamente com os atuais de papel. Um conjunto musical de agora joga calcinhas para a plateia, e as mulheres choram de satisfação enxugando, nelas, as suas lágrimas. Mudou somente o objeto. Antigamente, Cauby Peixoto usava um nas apresentações que empreendia por todo o Brasil, talvez como fetiche, quem sabe como amuleto; Aguinaldo Timóteo exibia-o na mão direita enquanto cantava. A magistral Simone ainda o utiliza atado no pedestal do microfone; o inesquecível Cazuza, nos derradeiros dias, amarrava-o na cabeça. Luiz Ayrão gravou “Saudade que Ficou” (O Lencinho) com grande sucesso. Na década de sessenta todos os rapazes o traziam no bolso, imitando os próprios pais e assinalando masculinidade.   
Vincent Van Gogh, o grande pintor impressionista, num dramático episódio decepou a própria orelha vedando o local com um rústico curativo. Após, pintou um auto-retrato exibindo-se já sem orelha. Um mestre da pintura que se tornou imortal ao cobrir, com um lenço, a ferida do seu tresloucado gesto. É o tributo da história a um ultrapassado quadrado de pano.   

terça-feira, 1 de novembro de 2011

LIVRO “DEVANEIOS”

                                              FIM DE UM SONHO
                                             Neumar Monteiro 

Da matéria amorfa
dos meus sonhos desfeitos,
modelei um príncipe
e o coroei de ouro. 

Com o sopro da minh’alma
bafejei seu rosto,
e do matiz das flores
colori seu corpo. 

Dei-lhe tudo que em mim havia,
e se mais tivesse mais daria
para fazê-lo meu
para torná-lo vivo. 

Mas foi inútil
e o meu trabalho perdido.
Com o nascer da vida
a obra dos meus sonhos
deixou-me aqui
a modelar tristezas,
artista sem anseios,
num corpo sem amor!