segunda-feira, 30 de abril de 2012

LIVRO "DEVANEIOS"



CANTO  DO  BOI  DE  CANGA
                                                               Neumar Monteiro

Levanta, meu boi, que a fome
de Norte a Sul fez morada,
e a inflação vergonhosa
não respeita a madrugada.

Levanta meu boi de corte,
povo-boi, povo boiada,
tangido a ferro e brasa
pela injustiça fardada.

Boi da fome
boi de canga
boi da peste
boi-carniça
boi sem livro
boi-salário
boi de miséria e liça.

Boi da boca ressequida
de tanto mugir desgraças.
Boi que clama por justiça
neste mundo de trapaças.

Levanta boi-povo atolado
no lamaçal da opressão !
Ferro a ferro, lança a lança,
persiga a libertação!

Esta boi é faminto, ê boi
este boi é lamento, ê boi
este boi é cinzento, ê boi
o seu pasto é cimento, ê boi.

Este boi é mortalha, ê boi
este boi não tem pão, ê boi
este boi quando nasce, ê boi
nem capim não tem não, ê boi.

Êta boi de favela
sem pasta no Ministério!
Sem escola, sem comida...
doente, não tem remédio.

Êta boi desgraçado, ê boi!...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

DANDO MILHO AOS POMBOS

De manhã na Cinelândia - Rio de Janeiro - há muiiiiiito tempo atrás. Até temos saudades desta manhã, como se fosse dar milho aos pombos um verdadeiro circo para nós. Vejam estamos rindo... Felizes e novos. Ninguém Merece!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

LIVRO "POEMA DO AMOR ETERNO"

                   MINHA MÃE    (AINDA E SEMPRE)
                                 Neumar Monteiro 

Partiste e eu fiquei.
A saudade a roer-me
e o pranto a torturar-me.
Mas sei que embora
eu não a veja Mãe,
tu estás comigo,
qual anjo tutelar
a encaminhar-me. 

É triste, ó Mãe!
a dor que em mim deixaste.
E nos momentos saudosos,
em que choro comovida,
sinto teus braços a embalar-me,
como fazias quando estavas viva. 

Tua lembrança, creia-me,
em tudo ainda mora.
Tua voz sempre em minhalma ecoa.
E ao lembrar-me, querida,
de como foste boa,
sufoco meus lamentos
e peço a Deus por ti!

sábado, 14 de abril de 2012

O NORTE FLUMINENSE 04-2012

                                              DE ABRIL A MAIO
                                                                               Neumar Monteiro 

            Abril, quem foi que lhe viu chegar? Ainda era março no calendário do ano, de repente surgiu o abril abrindo um novo mês qual boi holandês que engorda aos olhos dos homens. Depois, sem darmos conta, surgirá o maio, o mês florido enfeitando os altares e nas igrejas os campanários badalam os sons da esperança e as aves cantam nos ninhos a linda Ave Maria. Nossa Senhora da Guia, Nossa Senhora da Glória... Todas são a mesma Maria, a Mãe de Nosso Senhor e esposa de São José - profissão carpintaria.
           Abril! Mês tão belo não há! As tardes são sempre amenas: o céu se cobre de azul e as nuvens enovelam, como lãs de ovelhinhas, formando um céu tão bonito que dá gosto de se ver. Ai se pudesse andar naquele céu enovelado e de lua tão bonita, como pincel de artista na mão de Nosso Senhor, mostrando a gente da terra que o belo se encontra no céu e que terra é passageira como avião de carreira. Tardes amenas e saudosas do badalar do sineiro, que já não cumpre a função. Agora é tudo eletrônico e perderam a fantasia... Restaram somente as nuvens que se escondem no céu azul, qual manto de Nossa Senhora. É ela que acende o candeeiro da lua de abril iluminando a fé deste povo brasileiro.
        Também é triste o abril, principalmente no dia 06 com a Paixão de Cristo; mas no dia 08 vem à consolação, com a Páscoa da Ressurreição. Até Tiradentes faz parte deste artigo de abril: que também foi imolado numa corda traiçoeira e ali padeceu enforcado aos olhos da multidão que lhe atiravam pedras em tremendo turbilhão. Tinha saído de moda o pregar na cruz. O mundo gosta de mártir desde ontem, desde sempre. O que o futuro traça para a humanidade depende muito da santificação dos povos. Aprendemos muito com o passado: com o holocausto, com as guerras, com os infanticídios, fome, pobreza e desalento; já é chegada a hora da conversão na paz, no amor e no pensamento. Pensar alto, não para coisas materiais que perecem, mas pelo engrandecimento do dever, da alegria e da bondade, sem forcas e sem ódios - somente um olhar bondoso e uma mão que ampara aos necessitados.
          Tão lindo o mês de maio! Todo enfeitado de noivas! Com vestidos bordados a mão e renda de Portugal; de grinaldas de flores brancas que dão gosto de se ver. O véu encobre o vestido no tule que a noiva encabeça; e há sorrisos, no dia bonito, acasalando as conversas. Lá vai a noiva toda de branco e o noivo de terno preto. O padre abençoa o casal, o coral canta o enredo e a mãe sorri para os noivos já com as alianças no dedo.

           Ainda bem que nesta época traiçoeira permaneça, graças a Deus, o casamento na igreja. Como tantas coisas que vão acontecendo no mundo é um milagre tal matrimônio. Hoje é moda o ficarcom.com.br ou só no Cartório. Ninguém pensa na família confirmada na fé; num futuro mais confiante; na felicidade a dois; na sociedade que se degrada e no antigo “até que a morte nos separe”. Às vezes penso que do mundo não restará quase nada de antigamente, como acabaram os filmes chamados películas; almoço com a família aos domingos; gumex ; lenço no bolso dos homens; torrar café em casa; falar muito obrigado; festa de batizado; casamento para sempre; maiô inteiro; dizer por favor; telefone de manivela; parto em casa com parteira; carro de praça e aluguel de bicicleta... O que ainda perderemos neste mundo?... Só no futuro saberemos.                                                                                                                                                                                                                                           




terça-feira, 10 de abril de 2012

ANIVERSÁRIO DA NAIR

Foto: ABCapixaba

Aniversário de Nair Vidaurre: uma festa de tirar o fôlego, com salgados maravilhosos, doces enfeitados de confeitos, música dos anos sessenta e setenta comandada pelo DJ Funil. Amigos compareceram para parabeniza-la já que a Nair é uma pessoa muito amiga, comunicativa e simpática. A festa merece nota mil, pela acolhida, amizade, alegria e descontração – sem falar de todas as bebidas e quitutes que foram servidos. Parabéns Nair! Não só pela festa, mas pela amizade, carinho e consideração que oferece a todos os seus amigos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

LIVRO "DEVANEIOS"

VIDA E MORTE
                                Neumar Monteiro 

Há um grito de revolta
em cada peito
e um Cristo imolado
em cada rosto.
Há o gosto amargo
do pecado
na mente e no corpo
desse povo. 

Há indigência e fome
em toda a parte
uma terra inteira
sucumbindo.
Morte certa em cada esquina
da cidade,
injustiça de um mundo
em desalinho. 

Há o silêncio fatal
do desespero
e o berro letal
de uma procura.
Há o vazio interior
de uma resposta,
como se morta na garganta
uma pergunta. 

Há um olhar perdido
no espaço,
sob o mormaço de um dia
sem espera.
Metralha a guerra,
troca o sonho por batalha,
explode o peito,
fecha os olhos...
Finda a vida.