terça-feira, 31 de dezembro de 2019

CANÇÃO DA CIDADE - devaneios 2003


CANÇÃO  DA  CIDADE
                                        Neumar Monteiro
(Recriação do poema de Eichendorff, poeta alemão)

Mal o sol liberou
a calidez dos seus raios
e os sinos da manhã
dormitavam no vale,
há muito já cantei
para campos e florestas
a canção apaixonada
de um coração entristecido.

A noite ainda encobre
a relva e o arvoredo.
Estou aqui, sozinho,
repassando as lembranças
de um tempo de amor
que um dia eu vivi.

A ave que desperta
mansamente em seu ninho,
imita, sonolenta,
a canção da saudade
liberta o meu peito
no silêncio do vale.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

DIANTE DA CIDADE - DEVANEIOS 2003


DIANTE  DA  CIDADE
                               Neumar Monteiro
(Recriação do poema do Eichendorff, poeta alemão)

Vem chegando de longe
a canção peregrina
dos poetas da estrada,
os saltimbancos dos sonhos.

Dois amigos cantores,
saídos da floresta,
trazendo em seus alforjes
amor e esperança

A cidade, adormecida,
não ouve essa mensagem
que se propaga ao vento
da triste noite fria.

Ninguém acolhe o canto
nem ouve esse lamento.
Nem mesmo uma criança
descerra uma janela.

domingo, 29 de dezembro de 2019

NOSSO AMOR - DEVANEIOS 2003


NOSSO  AMOR
Neumar Monteiro

Nosso amor foi passageiro
como um grito na montanha.
Passou. Simplesmente,
Sem deixar vestígios ou ecos.
Grito perdido de alguém
que ousou falar de amor
a uma montanha, inóspita e surda.
O grito se perdeu na boca do vento
e o coração se fechou
às lufadas da brisa.
Hoje, o silêncio é feito
de soluções sufocados
e de coisas mortas.
silêncio de montanha.
Há cheiro de mofo no ar
e um som indecifrável de sepulcro.
Passou o amor, findou a vida.
A montanha continua inerte
à espera de outros gritos.