sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O NORTE FLUMINENSE - 03/2007

PERFUME DE SAUDADE
                                               Neumar Monteiro 

Décadas atrás as mulheres usavam cosméticos da Coty e  Angel Face; perfume Tabu, Leite de Rosas, Madeira do Oriente, Almíscar, Dyrce, Patchouli, Alfazema, Toque de Amor e Charisma, os dois últimos da Avon, acessíveis à classe média. Às vezes se davam ao luxo de adquirir os da Helena Rubinstein vendidos na antiga Gráfica Gutemberg, do jornalista Ésio Martins Bastos. Os homens perfumavam-se com Lancaster e Aqua Velva; outros, pomada Minâncora nas axilas.
Nos bailes de final de semana no Aero Clube pairava, volátil, uma mistura afrodisíaca de vários aromas que entranharam, inesquecíveis, na memória olfativa dos jovens da época. Um misto de primeiro amor e das primícias de beijos e afagos.
Nesta fase, atuavam em Bom Jesus os abnegados médicos: Dr. Columbino Teixeira de Siqueira, Dr. Dirceu Cabral Henriques, Dr. Abelardo Vasconcelos, Dr. Sebastião Diniz Freitas, Dr. Edu da Silva Baptista, Dr. Dirceu Bauer, Dr. César da Costa Abelha, Dr. César Ferolla, Dr. Ary Lima de Moraes, Dr. José Vieira Seródio, Dr. Waldir Nunes da Silva e Dr. Rui Pimentel Marques. Além de médicos, participavam ativamente da comunidade e, às vezes, no lombo de um burro enfrentando estradas de lama até os estribos da montaria, ou seguindo a pé, quando não havia outro jeito para levar o socorro aos necessitados nas serras do município. Nas madrugadas frias do inverno e no calor escaldante do verão eles atendiam os enfermos, gratuitamente, no mais das vezes. Eram desprendidos, dinâmicos, amigos e solidários. Autênticos representantes de Hipócrates - o mais ilustre médico da antiguidade.
Ainda bem crianças os pais já diziam aos filhos: Só lhes posso dar o diploma de Professora! Para os meninos o melhor filão: medicina, arquitetura, advocacia e engenharia, mesmo que tivessem que vender a casa ou a fazenda no custeio dos estudos. Era assim naqueles tempos. Às mulheres cabiam as prendas domésticas, bordado, pintura, convento ou enfermaria. Mulher “letrada” era um estigma social por comparar-se aos homens. Perderam-se na história de vida de muitas mulheres os ideais que acalentavam de cursos similares aos dos homens, notadamente nas cidades do interior. Homenagem, então, à Irmã Gertrudes de São José, Dolores, Lídice, Maria Emília, Maria Elena, Margarida, Paulina, Nadir, Maria José e Sebastiana que militaram muitos anos, como enfermeiras, ao lado do Anselmo Vicente Amil, outro importante nome na área da saúde de nossa cidade.
Ainda hoje, nesta modernidade de agora, existem pais que escolhem a profissão de filhos e filhas impondo os seus ditados, austeridade e pressões sobre a carreira escolhida pelos mesmos. Parece que foi ontem quando a chibata cantava nas costas dos escravos, trabalhadores braçais, mulheres e crianças... Esqueceram-se que décadas de modernidade já transformaram o mundo, em nome da sabedoria do ser ou não ser, do querer ou não querer, entendendo-se que hoje vigora a liberdade plena e inconteste... O máximo que se pode fazer é conversar e aconselhar os filhos.              


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cantata de Natal 2011



                                           " Clique nas fotos para aumentar"

Noite de Luz e Cantata de Natal. A Praça Governador Portela preparou um Natal de primeira, tendo como fundo a iluminada e grande árvore de Natal montada com guirlandas, flores e luzinhas abraçando o chafariz que  não parava de jorrar água.
As “Cantatas” realizadas pelo Coral Amantes da Arte terminaram num  antigo casarão”, no centro da cidade, que hoje é denominado prédio da “Família Borges”. O povo esteve presente, aplaudindo o Coral e, também, o Varejão pela acolhida.  Merecem parabéns os componentes do Coral e  a Organização Borges. O brilho maior foi do povo, que assistiu o grande espetáculo de canto e luz  para o Menino Jesus.     

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

LIVRO "POEMAS DE NEUMAR"

                                                                       TROVAS
                                                                                                     Neumar Monteiro

É triste sentir saudade
daquele que quero bem.
Mas é melhor ter saudade
do que não amar ninguém. 

Ter amor é ter na vida
os encantos de viver.
Há muita gente sofrida,
chorando por não os ter. 

Disse bem o Padre Asnédio
ao pregar sua oração:
que do mal só tem remédio
os puros do coração. 

É triste a vida, compadre,
do enfermo do coração!
Pois deste mal nem o padre
consegue  absolvição. 

Pobre cobra que mordeu
a mulher do Sebastião!
A megera não morreu...
Foi  a cobra no caixão! 

Viver a vida sorrindo,
é norma de bem viver.
É melhor viver sorrindo
do que, chorando, viver.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MENSAGEM DE NATAL

Natal!  Repete-se a cada  ano, mas nunca será o mesmo.  Luzes,  luzidias,  luzem alegrias e  vozes se expandem em cantorias. O  Natal traz a mágica da conversão, todos se dão as  mãos e aquietam  os corações.  É fantasia de fada, é  festa,  é animação,  sorrisos  que se encontram, cortejos em procissão...  Parece outro planeta cercado de animação, pessoas abrem as portas dos fechados corações; há poesias no ar, há irmandade cristã, seria bom que o Ano Novo  fosse o espelho do Natal: muita amizade no ar, fogos, agitação, luzinhas piscando nas árvores, abertas as palmas  das mãos e na manjedoura o Deus Menino, com os dedinhos pro alto, abençoando o povo seja rico ou seja pobre. Bom seria se possível que todos os corações embriagados de amor se curvassem até o chão, abençoando a vida e esparramando o  perdão, genuflexos ao Menino que trouxe a ressurreição, para mostrar que a vida é uma passagem somente, renascendo a alma para os bons e para os crentes... Mensagem de Esperança que o Natal embala as mentes.
FELIZ NATAL e ANO NOVO!
                                                                       Neumar  Monteiro

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O NORTE FLUMINENSE - 12 / 2011

FAZER A DIFERENÇA

                                                                      Neumar Monteiro



                  Uma das principais características das pessoas que alcançam suas metas, que realizam seus sonhos e que fazem alguma diferença na vida, chama-se persistência. Persistir quer dizer insistir sempre e nunca desistir dos sonhos ou objetivos. Esta atitude pode facilitar o caminho entre o sucesso e o fracasso, entre a vitória e a derrota. Continuar em busca da meta é o que faz o ser humano vencer, orgulhando-se de si mesmo. O impulso de atingir os sonhos inflama a alma de tal jeito que não há barreira entre o ser e o querer. Esta força vinda do nada, conforme acreditamos, é, na verdade, o sopro espiritual que vem de dentro de nós mesmos apontando-nos o caminho da vitória. Por certo é Deus agindo!
                  A persistência nasce conosco; mas quem não a tem de nascença, pode esforçar-se diariamente para implantá-la dentro de si. Ser otimista é a primeira conduta para atrair a sorte. O pessimismo fecha a voluntariedade e entorpece a busca, razão direta do insucesso. Sem dúvida a questão da sorte é pessoal, mas nem sempre atua se cruzarmos os braços... Então é a força individual que impulsiona o ser humano como uma canoa a singrar o mar da vida. 
                  Destino de cada um, conforme entendemos, não é tão certo assim. Destino é mais crendice do que verdade, mais crédulo do que ateu; ou seja, a batalha da vida deve ser encarada diariamente, pois todos os dias haverá um novo desafio nem que seja uma chuva forte a descerrar uma janela. Fazer a diferença é sobressair na profissão, lutar pelo pão e combater o bom combate, conforme epístola de São Paulo. Só fica na terra quem na terra se norteia, razão de começar sempre um novo dia com a esperança verde de nossas convicções e nossas verdades. Nem sempre tem que ser assim àqueles que as tenham dentro de si.
                 Se a profissão é árdua, desafie o desafio; não se esconda por detrás dos medos e dos enredos cotidianos. Cresça e apareça! Lá fora desabrocha a rosa, cresce o capim, anuvia o céu enrodilhado de noites e dias chuvosos, ou não. Todo amanhecer traz inédita uma novidade: o sol se escondendo atrás do morro com vergonha de mostrar a cara; o gato miando pedindo o leite; o cachorro em algazarra correndo atrás do padeiro; a vaca aleitando o seu bezerro e nós, humanos, começamos um novo dia: exerça-o com sabedoria!
                  O grande desafio da nossa época é a inconstância, sabendo-se que a violência se sobrepõe à paz e a corrupção derruba a retidão. Numa era de inversão dos valores humanos, mais que depressa temos que deixar sobressair a retidão de caráter, na rua e no trabalho. Não leve para casa a mão de rapina, a sorte comprada ou a mente poluída; lute pelo trabalho honesto e não faça do seu mundo um lamaçal de valores invertidos, puídos ou malcheirosos, vale lutar pela paz “sem lenço e sem documento”, mas a mente erguida.
                  Os problemas não podem deter aqueles que anseiam por uma vida melhor. Não se cobra um sonho, nem a realidade. Sonhamos porque nos foi dado o direito de sonhar, assim como recebemos a graça de mudar, de corrigir, de chorar e de sorrir. Podemos ser o que escolhemos, basta-nos acreditar nesta verdade: “Os problemas produzem perseverança, a perseverança produz um coração aprovado. Tudo vai depender da sua atitude com a vida e o florescer do seu coração”. FELIZ NATAL e ANO NOVO!  

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

LIVRO 'POEMA DO AMOR ETERNO'

ACEITAÇÃO
                           Neumar Monteiro

Quero a certeza
das coisas fugidias.
O saber dos monges
ancestrais.
Quero da vida
as alegrias do presente
e a beleza dos velhos
madrigais. 

Quero ser pluma
tangida pelo vento.
Bailando livre
por este mundo belo.
Quero se dona
de um saber supremo,
esquecer tristezas
num amor singelo. 

Dias de angústias
os afastei agora,
que sei da vida
o que de bom existe.
Quero sorrir e
olvidar as mágoas.
Quero ser bela
e nunca mais ser triste.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

APRESENTAÇÃO DO LIVRO 'CRÔNICA PARA A CIDADE AMADA'







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No dia 07 de novembro de 2011, às 20:00h, aconteceu a apresentação do livro “CRÔNICA PARA A CIDADE AMADA”, no qual participaram 92 Municípios do Estado do Rio de Janeiro. A festividade foi realizada na Biblioteca Municipal, patrocinada pela Prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana. Foi um inesquecível Café Literário oferecido aos presentes pela Exma. Sra. Prefeita Maria das Graças Ferreira Motta e sua equipe qual seja: DD. Secretária de Educação  Silvia Elena Almeida da Costa Linhares; DD. Diretora do Departamento de Cultura Martha Lucia Figueiredo Salim Almeida e demais abnegados funcionários da Biblioteca. A noite foi abrilhantada com a presença de pessoas amigas ligadas à cultura e, na oportunidade, houve solo de  piano , violão  e declamações, números estes que foram muito aplaudidos.  Reporto-me ao dia de ontem, quando a noite foi mágica e os convidados felizes. A acolhida da Prefeita Branca Motta foi irrepreensível bem como a de suas Secretárias, motivo da brilhante NOITE CULTURAL. O livro supracitado foi organizado pelo Professor Arnaldo Niskier, Membro da Academia Brasileira de Letras, escolhendo de cada Município Fluminense um cronista da terra. Aqui em Bom Jesus a crônica “BOM JESUS É ASSIM”, de minha autoria, foi a escolhida, razão da minha participação no livro como coautora na noite de autógrafos.         


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O NORTE FLUMINENSE - 02 / 2007

 LENCINHO BRANCO 
                                                                                           Neumar Monteiro 

O adeus na partida e um coração despedaçado. Um lenço branco da paz que acena em meio à disputa. Um parente que segue para a eternidade e um lenço que recolhe o derradeiro gesto da saudade...
Um lenço não teria tanta importância não fosse o significado forte que transmite. Apenas um pedaço de pano, de uma cor qualquer, que cabe no bolso do rico e no do pobre também - pois não escolhe o dono e circula em todas as camadas sociais. De tanto simbolismo e de tanta dor, que até enxugou o sangue de Cristo no caminho do Calvário. Verônica exibiu o rosto Dele impresso num pequeno quadrado de tecido e depois cantou, chorando, o seu lamento.
Foi também na música “Lencinho Branco”, que alcançou tanto sucesso na voz de Dalva de Oliveira nos idos de 1952, que a importância da utilitária peça foi demonstrada. Aos píncaros da glória elevou-a, enquanto o seu coração amargava a separação de Herivelto Martins. Talvez outro lencinho enxugasse o seu pranto nas noites frias da solidão.
Seu poder é tão grande que era usado nas batalhas da Idade Média e em outras posteriores, para assinalar o início ou a trégua no combate. Nas histórias que se perderam no tempo, ajudou no exercício da sedução a exemplo de Salomé e de Messalina. Também é ele que esconde, pudica ou sedutoramente, o rosto das odaliscas na dança do ventre; nas burcas das mulheres do Talibã; nas promessas veladas, quando se joga um no chão para provocar a aproximação de um pretendente; ou como arma de conquista, conforme fazia Arsène Lupin quando cobria a poça de água com um deles ou com a própria casaca para que a amada não molhasse os pés: um ladrão e arrombador elegante, mundano e cavalheiresco, foi capaz de um gesto tão cativante que o celebrizou.
Na atualidade quase ninguém o carrega, quer de seda, quer de algodão, visto que conota algo de mau gosto, antiestético e transmissor de vírus, notadamente com os atuais de papel. Um conjunto musical de agora joga calcinhas para a plateia, e as mulheres choram de satisfação enxugando, nelas, as suas lágrimas. Mudou somente o objeto. Antigamente, Cauby Peixoto usava um nas apresentações que empreendia por todo o Brasil, talvez como fetiche, quem sabe como amuleto; Aguinaldo Timóteo exibia-o na mão direita enquanto cantava. A magistral Simone ainda o utiliza atado no pedestal do microfone; o inesquecível Cazuza, nos derradeiros dias, amarrava-o na cabeça. Luiz Ayrão gravou “Saudade que Ficou” (O Lencinho) com grande sucesso. Na década de sessenta todos os rapazes o traziam no bolso, imitando os próprios pais e assinalando masculinidade.   
Vincent Van Gogh, o grande pintor impressionista, num dramático episódio decepou a própria orelha vedando o local com um rústico farrapo. Após, pintou um autorretrato exibindo-se já sem orelha. Um mestre da pintura que se tornou imortal ao cobrir, com um lenço, a ferida do seu tresloucado gesto. É o tributo da história a um ultrapassado quadrado de pano.