CANTO DO BOI DE
CANGA
Neumar Monteiro
Levanta, meu boi, que
a fome
de Norte a Sul fez
morada,
e a inflação
vergonhosa
não respeita a
madrugada.
Levanta meu boi de
corte,
povo-boi, povo
boiada,
tangido a ferro e
brasa
pela injustiça
fardada.
Boi da fome
boi de canga
boi da peste
boi-carniça
boi sem livro
boi-salário
boi de miséria e
liça.
Boi da boca
ressequida
de tanto mugir
desgraças.
Boi que clama por
justiça
neste mundo de
trapaças.
Levanta boi-povo
atolado
no lamaçal da opressão
!
Ferro a ferro, lança
a lança,
persiga a libertação!
Esta boi é faminto, ê
boi
este boi é lamento, ê
boi
este boi é cinzento,
ê boi
o seu pasto é
cimento, ê boi.
Este boi é mortalha,
ê boi
este boi não tem pão,
ê boi
este boi quando
nasce, ê boi
nem capim não tem
não, ê boi.
Êta boi de favela
sem pasta no
Ministério!
Sem escola, sem
comida...
doente, não tem
remédio.
Êta boi desgraçado, ê
boi!...
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