domingo, 26 de agosto de 2012

O NORTE FLUMINENSE - 08-2012


                        UM ESPAÇO DE NÓS 
                                                                  Neumar Monteiro
                                                                (Neumarmonteiro. blogspot.com)
                                    
                                Não queira ser sozinho como ave de arribação sem rumo e sem destino, flor que desabrocha no caminho sem ninguém olhar. Voe comigo! Dê a alguém o prazer do seu espaço, do seu abraço amigo, dividido, preenchido de nós. Não voe só, feito enjeitado que perdeu o berço ou foi expulso do aconchego. Partilhe o seu segredo, e ele se tornará mais livre e leve e solto. Não queira ser desgosto, queira, sim, a amizade o compartilhamento. Doe sempre um momento do seu instante. Temos muito a partilhar e mais para dividir. Acima de tudo, saiba o que sinto, que vivo, penso e agora lhe passo: Seja um compasso no ritmo do voo em direção ao sol. Não desafine a música do espaço sob pena de perder-se no caminho. Não voe mais sozinho. Voe comigo! Vença a aridez de seus passos sozinhos e rotos, e tente, tão somente, desfrutar um Espaço de Nós.
                               Quanta solidão há neste mundo... Pessoas levando a trouxa para aquietarem-se nos vãos de escadas, embaixo de barrancos, em lajes de cemitérios conforme os noticiários das grandes cidades. Quando não deitam nos becos da vida em busca de descanso. Tantos sofrimentos que diariamente nos devassam a vista: sem escolha, sem saída e sem dó. As calçadas já não suportam tanto sofrimento alheio, camas de mendigos maltrapilhos que não têm onde encostar o corpo, notadamente nos grandes centros. Ficam ali, à mercê da caridade que nem sempre aparece.
                               Tantos desencantos neste mundo, tantas angústias, serenos e chuvas fininhas que encharcam as roupas, que não trazem as trouxas e que entristecem os pobres. Não há espaço de nós neste mundo corrompido pela ganância; só existe o meu espaço, o meu dinheiro, o meu pandeiro e a minha vida. O mais que se exploda, que entorte a boca, que morra de fome e que lhe morda a ingratidão.
                                   Há quem diga que o fim do mundo está próximo. Infelizmente sabemos que já chegamos ao fim!... Da solidariedade, vergonha, pudor e desamor neste planeta vazio de esperanças, de sonhos purulentos de gente que só mente e de anseios enlouquecidos que não veem o sentido no viver. É triste constatar esta verdade.
                                    Prenúncio nós temos desse desastre humano que acompanha a vida, sem palma ou guarida e sem temor a Deus; se pedem um biscoito, querem a forma: inveja de Caim matou Abel! Um espaço nesta terra corre ouro e o tesouro da honestidade não vale nada, nem mesmo um tostão furado, conforme falava a vovó. Um espaço de nós tem que ser criado para a salvação do mundo, um Paraíso fecundo de novos seres, anjos e santos aventureiros que queiram retornar a terra, praticando a caridade, agasalhando os velhos, amortalhando os mortos com a piedade de Deus; criando em todos os caminhos, seja longo ou bem pertinho... UM ESPAÇO DE NÓS!         

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