UM ESPAÇO DE NÓS
Neumar
Monteiro
(Neumarmonteiro. blogspot.com)
Não queira ser
sozinho como ave de arribação sem rumo e sem destino, flor que desabrocha no
caminho sem ninguém olhar. Voe comigo! Dê a alguém o prazer do seu espaço, do
seu abraço amigo, dividido, preenchido de nós. Não voe só, feito enjeitado que
perdeu o berço ou foi expulso do aconchego. Partilhe o seu segredo, e ele se
tornará mais livre e leve e solto. Não queira ser desgosto, queira, sim, a
amizade o compartilhamento. Doe sempre um momento do seu instante. Temos muito
a partilhar e mais para dividir. Acima de tudo, saiba o que sinto, que vivo,
penso e agora lhe passo: Seja um compasso no ritmo do voo em direção ao sol.
Não desafine a música do espaço sob pena de perder-se no caminho. Não voe mais
sozinho. Voe comigo! Vença a aridez de seus passos sozinhos e rotos, e tente,
tão somente, desfrutar um Espaço de Nós.
Quanta solidão
há neste mundo... Pessoas levando a trouxa para aquietarem-se nos vãos de
escadas, embaixo de barrancos, em lajes de cemitérios conforme os noticiários
das grandes cidades. Quando não deitam nos becos da vida em busca de descanso.
Tantos sofrimentos que diariamente nos devassam a vista: sem escolha, sem saída
e sem dó. As calçadas já não suportam tanto sofrimento alheio, camas de
mendigos maltrapilhos que não têm onde encostar o corpo, notadamente nos
grandes centros. Ficam ali, à mercê da caridade que nem sempre aparece.
Tantos
desencantos neste mundo, tantas angústias, serenos e chuvas fininhas que
encharcam as roupas, que não trazem as trouxas e que entristecem os pobres. Não
há espaço de nós neste mundo corrompido pela ganância; só existe o meu espaço,
o meu dinheiro, o meu pandeiro e a minha vida. O mais que se exploda, que
entorte a boca, que morra de fome e que lhe morda a ingratidão.
Há
quem diga que o fim do mundo está próximo. Infelizmente sabemos que já chegamos
ao fim!... Da solidariedade, vergonha, pudor e desamor neste planeta vazio de
esperanças, de sonhos purulentos de gente que só mente e de anseios enlouquecidos
que não veem o sentido no viver. É triste constatar esta verdade.
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nós temos desse desastre humano que acompanha a vida, sem palma ou guarida e
sem temor a Deus; se pedem um biscoito, querem a forma: inveja de Caim matou
Abel! Um espaço nesta terra corre ouro e o tesouro da honestidade não vale nada,
nem mesmo um tostão furado, conforme falava a vovó. Um espaço de nós tem que
ser criado para a salvação do mundo, um Paraíso fecundo de novos seres, anjos e
santos aventureiros que queiram retornar a terra, praticando a caridade,
agasalhando os velhos, amortalhando os mortos com a piedade de Deus; criando em
todos os caminhos, seja longo ou bem pertinho... UM ESPAÇO DE NÓS!
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