NÃO SE ESQUEÇA DO
PASSADO
Neumar Monteiro
Há pessoas que querem apagar o
passado seja como for, viver outro personagem que não a si mesmo procurando
abstrair-se de um tempo que não apraz lembrar. Bobagem de quem assim pensa: não
há uma borracha milagrosa que apague o que já vivemos, o que já sofremos ou o
que não conseguimos esquecer; na verdade, o veneno que maculou a nossa alma
incorporou-se no corpo que nem reza forte poderá apaziguar... São os carmas e
consequências da história humana. Quem não os tem?
Triste é a vida da pessoa que
sofre em decorrência da maldade alheia, da intolerância racial e do descaso da
sociedade intransigente que só abre as portas para quem consome os mesmos
perfumes ou roupas caras para apresentar-se ao ‘grupinho’. Até inventam modas,
extravagantes ou exóticas, no intuito de vencer os demais amigos ou amigas. Que
triunfo lhes invadem a alma em arruinar o dia deles!...
Há que se acreditar que pessoas
assim sofreram no passado, talvez de fome ou de carência de amor. Não podemos
compreender o tanto de desamor que há no mundo, da fome que atormenta aos
flagelos que aterrorizam a humanidade. O que podemos fazer pelo nosso próprio
desamor arraigado no coração? Já não temos tempo para a mediocridade, egos
inflados ou projetos megalomaníacos; nem para discutir normas, estatutos,
rótulos e regimentos que não levam a nada. Queremos a essência do ser
e não debater assuntos faraônicos que se
rotulam inteligentes, mas que não saem do papel...
Queremos ser gente que sofre e que
se abala com a diversidade do mundo, que se preocupa com a falta do pão nas
mesas indigentes, da tristeza do desprezo social, da vergonha dos trapos e da
colina íngreme, penhascosa, que peregrina, dia a dia, para conseguir uma lata
de água para dar de beber a um filho e também a parentes mais precisados.
Enfim, um vórtice de agruras, inseguranças e desgraças anunciadas. Um barranco
que pendura vidas na ingrata volúpia atemporal do tempo.
O mundo foi feito para todos; muito
embora sonhem os gananciosos por tê-lo para si conforme Hitler almejava: o que provocou
uma guerra de altíssima periculosidade, que ocasionou a morte de muitos judeus
e outros tantos extermínios daqueles que não apoiavam a Alemanha (o Eixo). A
guerra passou, porém não foi esquecida, ainda os destroços ali se encontram
como um retrato frio e feio do que aconteceu à época. Um passado tirânico dos
campos de concentração e das baionetas certeiras; após, às bombas e corpos
abandonados para a festa dos abutres . Um tempo negro de coração fechado e
encadeado nos sonhos de um tirano. A terra o viu, a terra o aplaudiu, a terra o
engoliu. A tempestade passou, mas deixou marcas onde passara: Quando chorava a
mãe pelo filho carregando a dor da saudade; onde morreram milhares de combatentes,
destroçando o coração humano e se espraiando até os nossos dias... Sim, a
insegurança persiste qual vampiro a espreitar a presa.
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