terça-feira, 13 de novembro de 2012

O NORTE FLUMINENSE - 11 / 2012


NÃO SE ESQUEÇA DO PASSADO
                                   Neumar Monteiro
                      

            Há pessoas que querem apagar o passado seja como for, viver outro personagem que não a si mesmo procurando abstrair-se de um tempo que não apraz lembrar. Bobagem de quem assim pensa: não há uma borracha milagrosa que apague o que já vivemos, o que já sofremos ou o que não conseguimos esquecer; na verdade, o veneno que maculou a nossa alma incorporou-se no corpo que nem reza forte poderá apaziguar... São os carmas e consequências da história humana. Quem não os tem?
             Triste é a vida da pessoa que sofre em decorrência da maldade alheia, da intolerância racial e do descaso da sociedade intransigente que só abre as portas para quem consome os mesmos perfumes ou roupas caras para apresentar-se ao ‘grupinho’. Até inventam modas, extravagantes ou exóticas, no intuito de vencer os demais amigos ou amigas. Que triunfo lhes invadem a alma em arruinar o dia deles!...
            Há que se acreditar que pessoas assim sofreram no passado, talvez de fome ou de carência de amor. Não podemos compreender o tanto de desamor que há no mundo, da fome que atormenta aos flagelos que aterrorizam a humanidade. O que podemos fazer pelo nosso próprio desamor arraigado no coração? Já não temos tempo para a mediocridade, egos inflados ou projetos megalomaníacos; nem para discutir normas, estatutos, rótulos e regimentos  que  não levam a nada. Queremos a essência do ser e não debater assuntos  faraônicos que se rotulam inteligentes, mas que não saem do papel...
             Queremos ser gente que sofre e que se abala com a diversidade do mundo, que se preocupa com a falta do pão nas mesas indigentes, da tristeza do desprezo social, da vergonha dos trapos e da colina íngreme, penhascosa, que peregrina, dia a dia, para conseguir uma lata de água para dar de beber a um filho e também a parentes mais precisados. Enfim, um vórtice de agruras, inseguranças e desgraças anunciadas. Um barranco que pendura vidas na ingrata volúpia atemporal do tempo.
            O mundo foi feito para todos; muito embora sonhem os gananciosos por tê-lo para si conforme Hitler almejava: o que provocou uma guerra de altíssima periculosidade, que ocasionou a morte de muitos judeus e outros tantos extermínios daqueles que não apoiavam a Alemanha (o Eixo). A guerra passou, porém não foi esquecida, ainda os destroços ali se encontram como um retrato frio e feio do que aconteceu à época. Um passado tirânico dos campos de concentração e das baionetas certeiras; após, às bombas e corpos abandonados para a festa dos abutres . Um tempo negro de coração fechado e encadeado nos sonhos de um tirano. A terra o viu, a terra o aplaudiu, a terra o engoliu. A tempestade passou, mas deixou marcas onde passara: Quando chorava a mãe pelo filho carregando a dor da saudade; onde morreram milhares de combatentes, destroçando o coração humano e se espraiando até os nossos dias... Sim, a insegurança persiste qual vampiro a espreitar a presa.                                                              

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