sábado, 18 de maio de 2013

O NORTE FLUMINENSE - 05-2013



                                SAUDADE NÃO TEM IDADE
                                                                  Neumar Monteiro
                                                                       
                            Quando criança sempre haverá as brigas de rua, as invejas, os pecadilhos da infância e a euforia própria da meninice; a vida conta todas as épocas da passagem na terra e ninguém pode modificar aquilo que Deus permite. As saudades daqueles tempos sem mágoas permanecem em nós, mesmo passadas as fases de recordações e saudosismos: uma música cantada ao longe nos traz o passado como uma fruta colhida no galho, bem como a cigarra que cantava estridente  na mangueira e, também, como os dias de outrora de algazarras tantas. Hoje a mente se ressente de não ter algo novo para comemorar, tudo segue uma mesmice de futilidade, arrogância, inveja ou desespero...
                            O que será desta terra adormecida que rola os dias que giram, girando, girassol do espaço? O que será do sol e da lua sem as conversas das madrugadas e sem serenatas acordando as saudades e amanhecendo o amanhã? Por certo, a terra adormeceu o seu canto trancando a alegria das crianças de agora. Não se vê mais o pique bandeira, a roda rodando na praça, as poesias declamadas, os violões nas madrugadas e os casais de rolinhas namorando no fio - um desafio para a humanidade que não alcança fazer o mesmo.
                            Nestas tardes tão corridas e nesses dias tão iguais adormeceram as cegonhas, que, aqui, não fazem ninhos, condenadas a buscar mais longe as suas casas; não vemos mais o gambá e o sabiá canta acolá – talvez com medo da gente, talvez com medo de amar ou da seta certeira e impiedosa... Até os animais correm dos homens que, de bobos, não são.
                         Alguns anos atrás as pessoas conversavam com elegância, sentadas no banco da praça enquanto viam o luar que, na noite encantada, a lua clareava o chão, parecendo mil fantasmas de fantasmagóricas ilusões. Noite de lua cheia... Noites de medos e paixões!...Tempos já conhecidos pelos nossos ancestrais que passavam travas nas portas e janelas também iguais. Até que chegava o dia, passada a noite agourenta, o sol raiava no céu é hora de acordar; não há nuvens cinzentas neste universo puro anil... A noite passou dolente, aconchegada ao longe, hoje é dia da esperança que nasce a cada amanhecer para a alma ficar contente e acalentar a criança.
                         Os medos passam na alma mesmo nas horas contentes, pode não dar certo os sonhos que nós queremos, até chegar outra noite para sonhar novamente. O dia clareia o ar e os sonhos ficam silentes até a noite chegar, devagarinho, dormente... Até o dia acordar abrindo os olhos da gente.       

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