sábado, 23 de agosto de 2014

REVISTA "O EMPRESÁRIO" - agosto 2014



O  GOSTO  DO  AGOSTO
Neumar Monteiro
                                                                                                                neumarmonteiro.blogspot.com

                    Já sinto os cheiros brejeiros da nossa Festa de Agosto, cachorro- quente e gemada, sorrisos nas madrugadas do mês agoureiro, conforme dizem o povo.
               O Aero Clube juntava os bailarinos para a dança, as quais dançavam muito contentes... Jovens e velhos, deixando de lero lero corriam para valsar até o pé ficar torto. Quantas pessoas chegavam à véspera da Festa de ontem?  Muitas, muitas e tantas que agora, já no futuro, ficou sem graça...
              Na Praça não é fácil encontrar alguém para valsar em pedras portuguesas. A beleza é correr no salão de lá pra cá se o nosso Clube abrisse as portas para , comendo a sola do sapato, festejando a noite que chega com a lua brilhante como um diamante. Já sei que lágrimas vão verter dos olhos daqueles que chegam para festa, não encontrando as belezas de outras noites faceiras de encontros de amantes, saudades, saudades em oferendas...
              É preciso voltar no tempo para saber o sabor da juventude, um gosto de uvas geladas nas madrugadas de lua abrilhantando as noitadas; assim eram os beijos sentidos nos escuros dos casarões: outrora, silentes, na plenitude da vida; saias engomadas com maizena em água fervente. Que trabalho das mães!...
             Nada ao gosto das meninas de ontem: as saias eram rodadas com muitos panos e panos... Era a beleza das festas! A mãe procurando os filhos, o pai da coxia alerta para cuidar do pudor, senão a menina fugia para ver o rapaz que queria beijá-la na escuridão da noite sem luar que alvoroçava os moços.
             No quintal a fogueira, para esquentar a noite como uma lua de cristal... A lua perseguia as trevas para os românticos que tocavam banjo, acordeão, gaita e violão, as horas passavam dolentes e o amor estava presente. Coisas do ontem que encantam a nossa vida.
             As barraquinhas da festa são enfeitadas de luz, para chamar a atenção das pessoas que passam: uns cantando rock e, outros, baiões, agarrando a sanfona para juntar o povo comparsa para atrair novas estrelas. A festa confessa que é linda quando chega a garotada ampliando a correria para ganhar bandeirinhas, pipas e namoradas, batendo palmas ao léu para fazer correria que a noite já vai descansando dando lugar para o dia. O dia amanhece depressa e começa a correria... trabalho,  tensão de dia a dia que começa novamente no corre coxia das horas; o sol nascendo no horizonte embriagado de sono descortinando a janela dos sonhos sonhados da vida, uns pedem perdão, outros pedem comida, que o dia já chega e começa o enredo de outra batalha, começando na madrugada até que a noite aproxima e novos sentidos se alojam que agora já é outro dia e a correria renova dia a dia, dia a dia: os pássaros cantam no espaço as nuvens novelam no céu, o sol esborracha de quente queimando o dia que corre, o cansaço começa cedo e temos problemas constantes. Dia a dia tudo passa nesta terra tão bonita: bandidos matando gentes, água perdendo a nascente cauterizada de lama, o sol brilhante, esquentado, forma dias de crença que a chuva vai cair depressa na Terra da Esperança.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário