sábado, 20 de dezembro de 2014

PUBLICAÇÃO DE 12-2008



ENTÃO  É  NATAL
                                                                           Neumar Monteiro

                            Parece que foi ontem quando as luzes do Natal ofuscavam os olhos da criança! Magia, pura magia, que transformava o desbotado cotidiano num caleidoscópio de variadas cores.
                                   Quando jovens, sabíamos que Natal era sinônimo de dezembro e esperávamos, contando nos dedos, o mês tão aguardado. Hoje o Natal começa em novembro e vai até o Dia de Reis, em janeiro, com o comércio apregoando as suas mercadorias. Perdeu a graça e a espiritualidade com que a data era comemorada; banal, em meio a tantas outras banalidades que festejamos anualmente.
                                   Não era assim em outros tempos: O fervor religioso preenchia o coração de uma fé viva que pinicava no peito como rebento de felicidade. Um abraçar todo mundo, um corrupio de emoção que transbordava dos olhos. Era o Deus vivo dentro de nós enquanto olhávamos a manjedoura com um júbilo indescritível de saciedade espiritual. Com a fé em baixa, perdemos a plenitude das palavras amenas e dos sorrisos francos que foram trocados por coisas tão supérfluas que no dia seguinte já as esquecemos. A grandiosidade da Gruta de Belém não tem mais graça!
                                   Num outro tempo haveria mais felicidade. Das coisas simples, como papel crepom, faríamos estrelas; do algodão, flocos de neve para cobrir os galhos do pinheiro; do quintal de casa o musgo seco, folhas e sementes, para o acabamento daquela linda e significativa Árvore de Natal. Talvez não tivéssemos reis magos, nem Maria, José e nem pastores, mas o coração transbordava de amor ao depositar o Jesus Cristinho no presépio feito de gravetos secos.
                                               Árvores de Natal simbolizam a esperança de verde, fartura e renascimento da terra para alcançar o céu, conforme os seus galhos se expandem para o alto. Observem como as árvores se enfeitam de flores para o Natal: os flamboyants desabrocham como paleta de tintas; a cássia-imperial orna-se de cachos de ouro; os manacás se vertem de branco e violeta perfumando os jardins, e os jasmins e lírios, alvos como vestimentas de anjos, tocam trombetas para o menino Jesus. Estas são as árvores de Natal mais expressivas e belas que a natureza divina pode nos proporcionar.

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