ENTÃO É NATAL
Neumar
Monteiro
Parece que foi ontem quando as luzes
do Natal ofuscavam os olhos da criança! Magia, pura magia, que transformava o
desbotado cotidiano num caleidoscópio de variadas cores.
Quando
jovens, sabíamos que Natal era sinônimo de dezembro e esperávamos, contando nos
dedos, o mês tão aguardado. Hoje o Natal começa em novembro e vai até o Dia de
Reis, em janeiro, com o comércio apregoando as suas mercadorias. Perdeu a graça
e a espiritualidade com que a data era comemorada; banal, em meio a tantas
outras banalidades que festejamos anualmente.
Não era assim
em outros tempos: O fervor religioso preenchia o coração de uma fé viva que
pinicava no peito como rebento de felicidade. Um abraçar todo mundo, um
corrupio de emoção que transbordava dos olhos. Era o Deus vivo dentro de nós enquanto
olhávamos a manjedoura com um júbilo indescritível de saciedade espiritual. Com
a fé em baixa, perdemos a plenitude das palavras amenas e dos sorrisos francos
que foram trocados por coisas tão supérfluas que no dia seguinte já as
esquecemos. A grandiosidade da Gruta de Belém não tem mais graça!
Num outro
tempo haveria mais felicidade. Das coisas simples, como papel crepom, faríamos
estrelas; do algodão, flocos de neve para cobrir os galhos do pinheiro; do
quintal de casa o musgo seco, folhas e sementes, para o acabamento daquela
linda e significativa Árvore de Natal. Talvez não tivéssemos reis magos, nem
Maria, José e nem pastores, mas o coração transbordava de amor ao depositar o
Jesus Cristinho no presépio feito de gravetos secos.
Árvores
de Natal simbolizam a esperança de verde, fartura e renascimento da terra para
alcançar o céu, conforme os seus galhos se expandem para o alto. Observem como
as árvores se enfeitam de flores para o Natal: os flamboyants desabrocham como
paleta de tintas; a cássia-imperial orna-se de cachos de ouro; os manacás se
vertem de branco e violeta perfumando os jardins, e os jasmins e lírios, alvos
como vestimentas de anjos, tocam trombetas para o menino Jesus. Estas são as
árvores de Natal mais expressivas e belas que a natureza divina pode nos
proporcionar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário