NÃO TREMA NO ANO NOVO
Neumar
Monteiro
O Ano Novo começa com chuva e uma nova
ortografia. Na verdade uma unificação no jeito de escrever dos países que
adotam o português como língua oficial. Sem dúvida o comércio de livros vai
lucrar com a novidade, e o prejuizo, como sempre, vai pesar no bolso do
brasileiro, que tem de adquirir novas gramáticas e dicionários para os filhos
estudantes porque os do ano anterior já eram. Triste constatação em plena crise
econômica mundial.
Infelizmente o Brasil está sempre envolvido em
algo que puxa o seu tapete. Com certeza não temos uma moeda forte, a exemplo de
Portugal, e dificilmente iremos a Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Então perguntamos “Unificação, e nós com
isso?”
Enfim,
serve o aviso: não trema no Ano Novo já que o sinal ortográfico “trema” foi
abolido. Até o nome histórico “Anhanguera” perdeu o seu e que tremam as nossas
origens. Se for escrever sobre a feiúra de alguém, faça-o sem acento agudo para
não contradizer os ditames da nova grafia. Não seja antiquado grafando enjoo,
voo, abençoo, coroo, magoo, perdoo com acento circunflexo que foi ao vento e
perdeu o assento, e as palavras ficaram desnudas sem ele… Como sair na chuva
sem sombrinha.
Não
que sejamos extraescolar, extrarregulamentação indo contra a autoaprendizagem,
nem semianalfabeto, antieducativo, antissemita ou antirreligioso, contrarregra
das novidades da escrita que grafa as palavras acima sem o hífen. Pelo
contrário, temos que ser heroicos com a ideia da assembleia de intelectuais que
aprovou as mudanças, senão a jiboia pega a nossa boia da enchente de fim de ano
e morde o nosso pé, sendo o último com acento os demais sem acento. Enfim, tudo
seminovo e ultramoderno conforme regras atuais. Continua a pergunta “Que lucramos com isso?”
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