domingo, 4 de janeiro de 2015

PUBLICADO EM 01-2009



NÃO TREMA NO ANO NOVO                                
                                                                           Neumar Monteiro

                                      O Ano Novo começa com chuva e uma nova ortografia. Na verdade uma unificação no jeito de escrever dos países que adotam o português como língua oficial. Sem dúvida o comércio de livros vai lucrar com a novidade, e o prejuizo, como sempre, vai pesar no bolso do brasileiro, que tem de adquirir novas gramáticas e dicionários para os filhos estudantes porque os do ano anterior já eram. Triste constatação em plena crise econômica mundial.
                                                Infelizmente o Brasil está sempre envolvido em algo que puxa o seu tapete. Com certeza não temos uma moeda forte, a exemplo de Portugal, e dificilmente iremos a Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Então perguntamos “Unificação, e nós com isso?”
                                               Enfim, serve o aviso: não trema no Ano Novo já que o sinal ortográfico “trema” foi abolido. Até o nome histórico “Anhanguera” perdeu o seu e que tremam as nossas origens. Se for escrever sobre a feiúra de alguém, faça-o sem acento agudo para não contradizer os ditames da nova grafia. Não seja antiquado grafando enjoo, voo, abençoo, coroo, magoo, perdoo com acento circunflexo que foi ao vento e perdeu o assento, e as palavras ficaram desnudas sem ele… Como sair na chuva sem sombrinha.
                                               Não que sejamos extraescolar, extrarregulamentação indo contra a autoaprendizagem, nem semianalfabeto, antieducativo, antissemita ou antirreligioso, contrarregra das novidades da escrita que grafa as palavras acima sem o hífen. Pelo contrário, temos que ser heroicos com a ideia da assembleia de intelectuais que aprovou as mudanças, senão a jiboia pega a nossa boia da enchente de fim de ano e morde o nosso pé, sendo o último com acento os demais sem acento. Enfim, tudo seminovo e ultramoderno conforme regras atuais. Continua a pergunta  “Que lucramos com isso?”    


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