UM TROMBONE DESAFINADO -
02/2009
Neumar
Monteiro
Não é possível que nossa
cidade permaneça enfrentando situações que já transbordaram a paciência, quais enchentes
e problemas políticos, como se nunca terminassem tais dissabores. O povo
necessita de sossego, não só para cuidar das muitas feridas ocasionadas por
fenômenos naturais como as geradas por desconfianças e ódios. Basta disso! É
tempo de retomada da paz, que só o diálogo consciente é capaz de proporcionar.
Em outra época, antes
dos dias atuais, era comum a prática do encontro, quando os olhos transmitiam
sinceridade. Bastava isso: um olhar falava e entregava tudo. Havia amizade e
respeito mútuo; os casos perdidos eram deixados de lado ou excluídos da roda de
amigos. Eram importantes os valores éticos como guardar segredos, ajudar o
necessitado, evitar a preguiça e trabalhar pelo bem comum. Em que esquina
esquecemos a nossa face?
As causas públicas
refletem o nosso trabalho ou o nosso desleixo. Se bem direcionadas e cumpridas
a contento, espelhando direitos e deveres dos cidadãos, por certo alcançarão a
posteridade. Se há má vontade ou má-fé toda confiança cai por terra. Não há
político, padre ou capitão que permaneça inteiro com a integridade esfacelada.
O ser humano precisa da aprovação social para seguir em frente; necessita do
povo irmão para burilar o seu interior visando sobressair o melhor de si mesmo.
Quem semeia vento colhe tempestade, quem semeia ódio colhe vingança, conforme
ditados do tempo do onça.
Não existem mais os
encontros e, quando acontecem, é para falar sobre os desencontros. O homem não
foi feito para andar sozinho. A descoberta do fogo, a luz da inteligência, o
sopro da verdade, a perdição de Adão e Eva e a expulsão do paraíso atingiram
toda a raça humana. Ninguém prova o contrário. Bom Jesus precisa de colo, de
administradores de boa vontade para crescer como merece e exercitar o perdão, e
não mais fazer parte de uma orquestra de municípios atuando, infelizmente, como
um mero trombone desafinado.
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