quinta-feira, 23 de abril de 2015

UM TROMBONE DESAFINADO



UM TROMBONE DESAFINADO  -  02/2009
                                                                                Neumar Monteiro      
                       
                        Não é possível que nossa cidade permaneça enfrentando situações que já transbordaram a paciência, quais enchentes e problemas políticos, como se nunca terminassem tais dissabores. O povo necessita de sossego, não só para cuidar das muitas feridas ocasionadas por fenômenos naturais como as geradas por desconfianças e ódios. Basta disso! É tempo de retomada da paz, que só o diálogo consciente é capaz de proporcionar.
                        Em outra época, antes dos dias atuais, era comum a prática do encontro, quando os olhos transmitiam sinceridade. Bastava isso: um olhar falava e entregava tudo. Havia amizade e respeito mútuo; os casos perdidos eram deixados de lado ou excluídos da roda de amigos. Eram importantes os valores éticos como guardar segredos, ajudar o necessitado, evitar a preguiça e trabalhar pelo bem comum. Em que esquina esquecemos a nossa face?
                        As causas públicas refletem o nosso trabalho ou o nosso desleixo. Se bem direcionadas e cumpridas a contento, espelhando direitos e deveres dos cidadãos, por certo alcançarão a posteridade. Se há má vontade ou má-fé toda confiança cai por terra. Não há político, padre ou capitão que permaneça inteiro com a integridade esfacelada. O ser humano precisa da aprovação social para seguir em frente; necessita do povo irmão para burilar o seu interior visando sobressair o melhor de si mesmo. Quem semeia vento colhe tempestade, quem semeia ódio colhe vingança, conforme ditados do tempo do onça.
                        Não existem mais os encontros e, quando acontecem, é para falar sobre os desencontros. O homem não foi feito para andar sozinho. A descoberta do fogo, a luz da inteligência, o sopro da verdade, a perdição de Adão e Eva e a expulsão do paraíso atingiram toda a raça humana. Ninguém prova o contrário. Bom Jesus precisa de colo, de administradores de boa vontade para crescer como merece e exercitar o perdão, e não mais fazer parte de uma orquestra de municípios atuando, infelizmente, como um mero trombone desafinado.

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