sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O NORTE FLUMINENSE - 02/2012

O BRASIL DO CARNAVAL
                                                                           Neumar Monteiro   

                    A Economia brasileira cresceu muito no decorrer dos últimos anos, e este pulo serviu para impulsionar os salários de trabalhadores de vários setores socioeconômicos. Hoje as aquisições salariais aproximam-se a ponto de equiparar o salário de um vigia de obra ao de um Professor gabaritado com curso superior; não desfazendo do trabalho do vigia que não é o nosso intento.
                    Tudo mudou nesta terra de meu Deus!... Depois do Real, que por um lado favoreceu os menos afortunados, houve o colapso das aquisições antes impossíveis que transformaram as moradias num arsenal de aparelhos eletrônicos, às vezes supérfluos, que os adquirentes nem sabem manejar. Hoje em dia o brasileiro está com a faca e o queijo na mão sem estrutura para usá-los.
                        Muita das vezes o poder, seja qual for, transforma o homem num robô que segue o caminho exorbitante dos gastos: grandes viagens, excesso de bebidas e outros tantos que só fazem mal sem preencher o coração de paz ou de alegria. Viramos um copiando o outro; como autômatos enfileirados na fábrica da moeda “Real”, esperando saciar a ganância de viver aventuras e propagá-las aos companheiros na jornada dos copos.
                      Outrora havia a poesia, a serenata, as cantatas dos corais. Havia o tesouro das estórias guardadas a sete chaves pelos avós para encanto dos netos. Havia harmonia, casa cheia e euforia pelo prato de sopa quente que transformava a família num só paladar, coisas do ontem... Hoje é a ganância, é o vício que vende até os filhos para comprar a cachaça. Houve um tempo bom, que não soubemos conservá-lo: a igreja badalando o sino na manhã do bem querer e o almoço do domingo com carne corando ao forno; a rede esperando a sesta e uma festa de bicicletas passeando pelas ruas esvaziadas de carros. Era ontem, distante e sem crise.
                        Atualmente assistimos o festival de crises sobre crises. Falácias de inverdades que os próprios dirigentes do povo enxameiam pelas praças; discursos, sempre os mesmos, para boi dormir ou cigarras cantando ao léu.  Resta-nos o passado que era menos perigoso, quando a tarde era airosa e o sono batia gostoso. Depois o passeio na praça mostrando os vestidos de chita, todos enfeitados de fitas, que neste tempo era moda. Aos ricos os tafetás.
                        Hoje, com a vinda do Real, passaram uma régua no bolso igualando os grandes aos pequenos. Pelo menos era esta a intenção. Só que existem as fortunas que são pagas a alguns; desvio de dinheiro nos caixas; ingerências patrimoniais, uns ganham poucos outros mais e assim vai correndo a vida: um dia bem, outro mal.
                        Neste Brasil brasileiro até quem ganha pouco brinca no carnaval que, aliás, está chegando. Que povo danado de bom! Perdoa os roubos dos cofres; vota em quem lhe der mais (ou que fazem promessas aos pobres e não as cumprem jamais); pisoteia na bandeira, municipal ou nacional; faz uma cara de bobo e de bobo é falaz! Contra a crise ele clama pelo rádio e o jornal, faz cara de bom menino para encher o embornal... Eta povo brasileiro!... Que dia-a-dia o ano inteiro, que vai de janeiro a janeiro em folia nacional, só fala no carnaval!                                   


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