CRÔNICA DE UM ANO
NOVO
Neumar
Monteiro
Começar um novo ano
sempre representa uma retomada de decisões: como olhar adiante visualizando
outros caminhos. O novo se descortina com variadas perspectivas, que nem sempre
vamos tocar para frente, como um leque de sonhos acalentados que, no pretérito,
não os vivemos. Um tudo novíssimo no espocar dos fogos de 31 de dezembro,
quando brindamos à criança que temos dentro de nós rumo a um futuro adulto nas
pegadas impressas no chão do nosso destino.
Um ano bom em
2008: com saúde e tranquilidade, embora através de reveses políticos e do
desassossego da economia oscilante, apesar do Real; mas é uma oportunidade que
a vida nos dá, a cada um diferentemente, mesmo que tenhamos de abrir mão de
alguma coisa na árdua jornada do dia a dia. Faz parte do show da vida a
oscilação dos humores, o cansaço da luta, o pranto derramado e o prato nem
sempre farto de comida. Também a indiferença, a traição, o descaso e a
desarmonia, pois “sou homem e nada reputo alheio a mim do que é humano”,
conforme tão bem o disse o sábio Terêncio. Mas sempre é alguma coisa a simples
capacidade de sonhar, e viver emoções outras que não aquelas do ano que passou.
Afinal, a trajetória humana começa no ventre da verdade eterna, no umbigo da
imensidão dos espaços e na brisa que carrega em suas asas o sêmen da nossa
vida.
Somos um amálgama
do animal, mineral e vegetal, filhos da esperança e irmãos das estrelas; a
visão perfeita da grandiosidade cósmica e a mais complicada criação por
milímetro de corpo físico. Deus nos quis assim: incertos nas certezas, fortes
nas nossas fraquezas e firmes quando tíbios e desconcertados. Um todo repartido
cujo sentido só pode ser espiritual, criação talentosa oriunda da sabedoria
infinita.
Um Ano Novo
para repensar a vida! Quem diria que teríamos outra oportunidade? Quem não a
teve voltou para o efêmero infinito incognoscível... Sabemos lá o que mais
existe. Coube-nos a tarefa de tocar a vida para frente. Que o façamos da melhor
maneira, no finito espaço de nossos passos.
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