QUANDO JOVENS, SONHAMOS ESTRELAS
Neumar
Monteiro
O tempo passa
depressa nesta terra pendurada no universo e a juventude se ressente desta
velocidade feérica que nos persegue; e os jovens sentem que a felicidade está
por um fio, como o apagar da lâmpada ao dormir. Querem perseguir as novidades e
inventar novos jogos que nem por interesse, todavia pela vontade de jogar,
mostrar-se adulto e arvorar o pavão que está dentro de si... Enfim, exibir-se
para os colegas e as meninas, como um meteoro que passa no céu rasgando a
escuridão da noite deixando o rastro luminoso de sua cauda. Ai, que saudade da
mocidade! Ai, que saudade do
pique-bandeira e do passar anel; de correr na noite e de namorar a dindinha lua
da rede do quintal sonhando estrelas. Hoje o céu nebuloso, sombrio e triste,
apaga a beleza da lua e esconde as estrelas. Como vamos guardar na mente o
brilho dos astros que permeiam o estro dos poetas? Como vamos sonhar estrelas
se estão perdidas na voragem dos ares
contaminados? Coitada e triste mocidade!...
Volúpia dos desejos como
estamos jovens, sonhando estrelas, forasteiras, além do universo. Outros mundos
nós queremos cativar; outros engenhos
queremos lançar no espaço para descobrir o que somos e para sorrir
outros tantos passageiros da vida. O ônibus espacial já chega ao futuro, para
concorrer com as estrelas cadentes a velocidade do seu rumo. Enfim, o homem
quer dominar tudo, desde o centro da terra até às alturas indomáveis, tudo pela ganância ou esperança de descobrir
outras plagas para fazer novos ninhos; pela cobiça de nova vida e pelo bolso
cheio de pedras preciosas que o imensurável universo com certeza tem. Esta é a
obsessão dos terráqueos.
Na juventude de agora não
se lê uma poesia, nem livros de alegorias, nem romances e, certamente não, as Escrituras
Sagradas... Infelizmente só os gibis de faroeste e calendários de mulheres
nuas. A própria jovialidade induz a descobrir os tesouros da nudez invadida
como partida para principiar o sexo. Os filmes exibem escandalosos enredos, que
dá medo de se ver; os jovens presenciam todos os atos em suspiros, sonhando
paraísos e estrelas desnudas. Nada como antes neste mundo pervertido que, sem
sentido, quer acabar com a memória do passado com seus beijos roubados e os apalpos tremidos para
conquistar a presa. Agora e para frente será muito maior o desencanto, porque o
mundo faz alarido do pecado da gente e, também, os males da modernidade como em
pílulas de prazer drogando a juventude em casas proibidas aonde se perdem
vidas. Até quando os bandidos vão sacolejar à frente este pecado desumano?
Droga, droga e droga, no
estertor
da hora e na escória da maldade. Canalhas que se empenham no vício e o passam
para frente para divertir fulanos. Covardes, malditos e insanos, escória da
juventude e bandidos da sociedade!... A coisa está preta e propagando-se para o
mundo inteiro.
Nós, os brasileiros,
sonhamos estrelas verdadeiras, aquelas que ajudam os hospitais, as que cantam
canções de paz e de esperança; vivemos para a felicidade e, não, para o desespero,
que alcança o coração ferindo o nosso orgulho; queremos ver o brilho no sorriso
da criança de infância sadia; sonhamos partículas de felicidade nos
trabalhadores da terra; vivemos pela Pátria que sonhamos ter um dia e não
mentiras de falsos anjos bandoleiros; enfim, somos brasileiros, que amamos o
mundo inteiro, querendo distribuir o pão e sonhando estrelas abaixo do céu azul
nesse manancial de paz... Quem não queria ter? Quem não queria tal?...
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