quarta-feira, 15 de setembro de 2021

 

                               O  CAPITÃO  DA  IMPRENSA 

                                                                                                                                                                                                                                        Neumar Monteiro                                                                                                  

 

Cresci, casei-me e tive filhos ouvindo falar em Osório Carneiro. Lá em casa a figura desse mestre da imprensa pairava alto, quase cultuada pelo meu pai tal era amizade que os unia. Papai aprendeu tudo com ele, principalmente o nortear-se por um jornalismo dinâmico, combativo e idealista, conforme os da velha estirpe de profissionais forjados na ética jornalística e no ideal de servir à coletividade.

Não é à-toa que podemos que considerar Osório Carneiro como o benemérito por excelência de Bom Jesus do Itabapoana. Aqui foi o campo fértil de seus sonhos, quando pôs em prática muito de suas fraternas aptidões, conforme o demonstrou no setor da assistência social idealizando e fundando o Centro Popular Pró-Melhoramentos de Bom Jesus, ao lado de outras iniciativas igualmente louváveis. Foi também o Capitão da Imprensa que fundou e conduziu o A Voz do Povo, numa época que levar avante um jornal do interior era tarefa das mais árduas.

Falar sobre Osório se me parece fácil, já que ele sempre esteve presente na nossa vida doméstica desde os idos de 1950. O poeta Athos Fernandes, à época dos fatos, retirava o pão de cada dia de o jornal A Voz do Povo.  Todas as tardes, quando ainda bem menina, lembro-me que mamãe ia até a redação para esperar a saída do papai, e os funcionário José Maria Garcia, Christovan, José Russo, Mauro, Brotinho, Filinho, Indio e o Cardoso, faziam fila par mexer com as minhas tranças ou para presentear-me com uma bala de jujuba. Era uma festa ! E lá se encontrava o Osório Carneiro, sério, alto e bonito, sempre com uma palavra amável a nos saudar. Isso tudo é inesquecível, mesmo após tantos anos.

Agora no mês de agosto, se comemora o centenário de nascimento do Capitão. Parece que foi ontem que eu o via  ali, empertigado, na porta de entrada da antiga sede do jornal. A tarde era como todas as tardes da infância, mas a presença dele, vivo, era especial, como também especial a saudade da  Dona Fernanda e  a lembrança da Cibele, Fernando, Duquinha e Maria Helena, seus queridos filhos. O tempo se incumbiu de separar-nos, mas na imagem das recordações continuam a casa da Rua Itagiba e a redação de o A Voz do Povo. Osório Carneiro e as tardes de minha meninice e juventude... Obrigada, Osório, pela comida que ajudou a colocar na nossa mesa e pelas tardes mais lindas que  jamais eu vi.

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