quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O NORTE FLUMINENSE - 08/2007


CORAÇÃO DA CIDADE 
                                                               Neumar Monteiro

                     A Festa de Agosto é o coração da cidade pulsando de alegria! Reencontro de emoções e um repassar do ufanismo que sempre alcança os bom-jesuenses, mesmo à distância. Festa de Agosto é o agosto agourento transformado em encanto; metamorfose da apatia em andança pela cidade, rever amigos, visitar parentes e encontrar o aconchego de ontem e de hoje.
                     É, sobretudo, relembrar um passado quando os folguedos eram outros, repletos de gincanas, disputas do Olympico e Progresso, bailes no Aero Clube, Salim Tannus declamando “Morrer Sonhando” do inesquecível Padre Mello e cantando a marcha da cidade revivendo, ano após ano, as velhas tradições.
                     Hoje a festa não é mais aquela. Também não se pode parar o tempo ou voltar atrás. A cidade caminhou para novos eventos, cresceu, modificou-se, mas o coração bom-jesuense permaneceu estagnado no amor à terrinha. Tão bom rever o sorriso daqueles que retornam! Que importante é sentir que os que ficaram não foram esquecidos. No encontro de emoções, o coração dispara e os olhos faíscam de contentamento. É um instante único, inesquecível, quando a velha guarda encontra os jovens de hoje, filhos dos filhos desta cidade querida.
                     Não há coração que aguente tanta emoção! É um reviver de assuntos e de perguntas, diálogos para saber tudo do outro como irmãos gêmeos separados pela vida. Agosto é tudo isso e muito mais, na expectativa de sairmos renovados ao ver que o outro envelheceu mais do que nós; que fulana trocou de marido e que sicrano mudou de religião. Coisas de somenos importância, mas mil vezes caras aos que não se encontram o ano inteiro.
                     São lembranças do comediante “Fernando Maia” (Alegria); da fábrica de camisa “Maril”; fábrica de balas “São Jorge”; refrigerante “Laranjinha” do Coquinho; da Escola “Pratt” de datilografia da dona Magali e dona Lili; do esmoleiro “Pernambuco”; do “Dadinho”, o homem mais alto da cidade; pensão da dona “Altiva e o hotel do Galiano Pimentel”; “Lauro Olé”; “fogueteiro Jonas”; “Garoto; Macuco; Mané Marimbondo”; “Dirceu da Mug”; os ternos requintados do “Elias Chalhoub” e do ‘seu’ “Cordeiro”; “Pedrinho Teixeira”; da alvorada da “Lyra Operária”; retretas de bandas à tardinha e shows na praça pública com artistas famosos; doces do “Erbinho e dona Custódia”; do cachorro-quente nas barraquinhas à beira-rio; “maestro Bastião”; da Orquestra do “Samuel Xavier”, “Dona Adelaide pipoqueira” e tantos outros assuntos e perguntas que só a tradicional festa trazem à baila.
                     Novamente agosto. Prepare-se porque o sentimento vai falar mais alto, o peito vai inchar de orgulho e a comoção vai ser geral. Não saia de casa sem levar um lenço. Viva a Festa de Agosto! Hoje e sempre.                            
                                  

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