CORAÇÃO DA CIDADE
Neumar Monteiro
A
Festa de Agosto é o coração da cidade pulsando de alegria! Reencontro de
emoções e um repassar do ufanismo que sempre alcança os bom-jesuenses, mesmo à
distância. Festa de Agosto é o agosto agourento transformado em encanto;
metamorfose da apatia em andança pela cidade, rever amigos, visitar parentes e
encontrar o aconchego de ontem e de hoje.
É,
sobretudo, relembrar um passado quando os folguedos eram outros, repletos de
gincanas, disputas do Olympico e Progresso, bailes no Aero Clube, Salim Tannus
declamando “Morrer Sonhando” do inesquecível Padre Mello e cantando a marcha da
cidade revivendo, ano após ano, as velhas tradições.
Hoje
a festa não é mais aquela. Também não se pode parar o tempo ou voltar atrás. A
cidade caminhou para novos eventos, cresceu, modificou-se, mas o coração bom-jesuense
permaneceu estagnado no amor à terrinha. Tão bom rever o sorriso daqueles que
retornam! Que importante é sentir que os que ficaram não foram esquecidos. No
encontro de emoções, o coração dispara e os olhos faíscam de contentamento. É
um instante único, inesquecível, quando a velha guarda encontra os jovens de
hoje, filhos dos filhos desta cidade querida.
Não
há coração que aguente tanta emoção! É um reviver de assuntos e de perguntas,
diálogos para saber tudo do outro como irmãos gêmeos separados pela vida.
Agosto é tudo isso e muito mais, na expectativa de sairmos renovados ao ver que
o outro envelheceu mais do que nós; que fulana trocou de marido e que sicrano
mudou de religião. Coisas de somenos importância, mas mil vezes caras aos que
não se encontram o ano inteiro.
São
lembranças do comediante “Fernando Maia” (Alegria); da fábrica de camisa “Maril”;
fábrica de balas “São Jorge”; refrigerante “Laranjinha” do Coquinho; da Escola “Pratt”
de datilografia da dona Magali e dona Lili; do esmoleiro “Pernambuco”; do “Dadinho”,
o homem mais alto da cidade; pensão da dona “Altiva e o hotel do Galiano
Pimentel”; “Lauro Olé”; “fogueteiro Jonas”; “Garoto; Macuco; Mané Marimbondo”; “Dirceu
da Mug”; os ternos requintados do “Elias Chalhoub” e do ‘seu’ “Cordeiro”; “Pedrinho
Teixeira”; da alvorada da “Lyra Operária”; retretas de bandas à tardinha e shows
na praça pública com artistas famosos; doces do “Erbinho e dona Custódia”; do
cachorro-quente nas barraquinhas à beira-rio; “maestro Bastião”; da Orquestra
do “Samuel Xavier”, “Dona Adelaide pipoqueira” e tantos outros assuntos e
perguntas que só a tradicional festa trazem à baila.
Novamente
agosto. Prepare-se porque o sentimento vai falar mais alto, o peito vai inchar
de orgulho e a comoção vai ser geral. Não saia de casa sem levar um lenço. Viva
a Festa de Agosto! Hoje e sempre.
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