que a escreveu na mesa de refeições, correndo para apanhar a caneta
para escrevê-la imediatamente antes que a memória o traísse.
Trabalhava, assim, nas musas poéticas, dedilhando os versos nos dedos
calejados pelo uso excessivo da caneta. Este era o meu pai, que acordava
na madrugada para buscar as musas mais bonitas para enfeitar os verso
s que às vezes só chegavam no amanhecer; dormia ali, na cozinha,
buscando no céu do novo dia que lhe trouxesse as virgens dos sonetos
e poemas. Este era o Athos que no sol ou na tempestade, a qualquer
momento que chegava a intuição lírica das poesias mais lindas que
tirava da sua cabeça cansada.
MEUS SONHOS
Athos Fernandes
Eu sonho
um mundo livre
e sem fronteiras,
sem
guerras e trincheiras
sem preconceitos
e perseguições
em que
do proletário as mãos
honradas
construam hospitais,
creches, estradas
e
destruam canhões !
Eu sonho
um mundo calmo
e equilibrado,
na
Paz consolidado,
em que
não medrem ódios
e rancores.
Um mundo
em que os
fragores das batalhas
cedam lugar
às forjas e
às fornalhas,
E
ao ronco dos
tratores !
Eu sonho
um mundo forte
no Direito,
sempre
Justo e Perfeito,
sem o
império da Gula
e da Cobiça
Um mundo
que dê pão
a quem tem
fome
e à
Liberdade dê bem
mais que um
nome
no
senso da Justiça !
Eu sonho
um mundo nobre
no trabalho,
quer da
pena ou do
malho,
das
fábricas ou glebas de
plantio.
Um mundo
em que da
infância à senectude
tenha o
povo a pletora
da saúde,
quer no
inverno ou no
estio !
Eu sonho
um mundo alegre
e visionário,
que
deteste o argentário,
e construa
a utopia da
Igualdade.
Um mundo
em que do
obreiro a mão calosa
nos seja a
mão amiga e
dadivosa
da
fraterna amizade !
Sonho um
mundo sem guerras
de conquista,
pacífico,
humanista
em que
os povos se
abracem como irmãos.
Um mundo
em que de
Cristo os sãos
preceitos,
inspirem bem
deveres e direitos
de
autênticos cristãos !
Sonho um
mundo em que
Deus seja louvado,
sentido, assimilado
para atuar
na vida das
nações.
Um
mundo de
tal modo convertido,
que um
templo novo seja
sempre erguido
no
escombro das prisões !
Eu sonho
um mundo belo
e sem pesares,
sem
armas nucleares,
sem preconceitos
e perseguições,
em que
do proletário as
mãos honradas,
construam
hospitais, creches,
estradas
e
destruam os canhões !
Eu sonho,
enfim ! E sei
que tudo é
sonho,
tão
distante e risonho,
mas que
virá nos dias
do porvir,
Um mundo para os
sábios e os
estetas
e que
tão só os
santos e os
poetas
poderão
construir !
Nenhum comentário:
Postar um comentário