sábado, 4 de outubro de 2014

REVISTA "O EMPRESARIO" 09-2014



PERDAS  DE  BOM  JESUS 
                                                           Neumar Monteiro
neumarmonteiro.blogspot.com

                               Não precisamente nesta ordem, mas o fato é que entre outras, Bom Jesus do Itabapoana vem perdendo muitas coisas que poderiam ser evitadas pelas autoridades constituídas ou, também, pelo grito do povo, porque o trato com a coisa pública é também obrigação nossa: os pioneiros que aqui desbravaram as campinas e trazendo escravos queriam outras coisas desta cidade, como uma cidade pioneira, alvissareira e elegante esbanjando moda, florescendo em cada rua begônias, azaléas e palmeiras ou outras tantas que viessem dar o show de elegância nas varandas e quintais de cada casa.
                               Este tempo passou no calendário, escurecendo a alegria de antes. Agora na Festa da Cidade é somente um palanque na Praça Governador Portela gritando palmas roucas sem maior alegria, “Palmas Mudas”, de um ou outro que ali passa. Perdemos metade das barraquinhas que se alojavam na beira-rio: antes eram lindas e iluminadas, cantos de sanfoneiros que o dono pagava para chamar o povo; as pessoas que ali passavam sempre pediam cantigas para lembrarem-se do amor...
                               Assim era a nossa Festa que deleitava a noite e o dia que ia nascendo, agora é diferente: A alegria sem dono, televisão despontando ao amanhecer até a noite, neste calor de verão... Perdemos tantas festas que a cabeça atormenta. Citamos: Festa do Noé –  Festa á Fantasia –  Festa do Sinal –  Santa Festa –  Festa Junina do Olímpico, Progresso e Aero clube –  Festival de Música –  Festival do Chope –  Seresta nos Bares – Rali na Praça Gov. Portela –  Vôlei de Areia na Praça Gov. Portela - Dia do Desafio - Olímpiada Estudantil –  Festival de Sorvete e da Pipoca –  Campeonato de Vôlei –  Baile das Debutantes –  Baile das Dez Mais –  Baile da Saudade – Baile de coroação da Rainha da Festa de Agosto -  Carnaval de Salão e de Rua –  Ginásio Zélia Gisner –  Colégio Rio Branco – Colégio  MV1... Perdemos muito do que era antes, não sei se no futuro próximo a consciência urbana muda de caminho para repensar no que era ontem e o agora.
                           Tudo passa na cabeça do povo... Porém, ninguém grita aceitando a renúncia desta terra... Talvez, adiante, o povo que tanto trabalha cuidando das marmitas, possa, também, tratar dos festivais para carnavalescos que vêm de longe para alentar os dias do Rei Momo... Como não? As pastorinhas sempre estão esperando rapazes bonitos para melhorar o passeio.
                         Nunca exaltaremos Bom Jesus com os braços cruzados, porém alguém tem que lutar pelo nosso pedacinho de terra, pela bênção da Igreja Matriz, do laguinho da entrada da cidade, pelas casas bonitas que aqui valorizamos, pelo Coral “ AMANTES DA ARTE “, pelos Colégios que aqui temos e pelo Calvário que de cima do morro abençoa brancos e negros deste povo varonil. Sinto que neste pequeno Município não há pobre ou rico, todos trabalhamos no dia-a-dia pela prosperidade desta terra querida.
                        Vai e vem o sino da praça embelezando a manhã, como gotas de felicidade entrando de casa em casa com uma linda sonoridade anunciando o amanhecer. Não há quem não gosta desta gente!... Um povo risonho e prestativo, lutando pela felicidade, estudo, amizade e harmonia em busca da alegria de hoje, de noite e de dia; crianças correndo valentes na escadaria da igreja; um bispo levantando a mão para acolher os menores, crianças, velhos e outros tantos que precisam de apoio para que a felicidade se espalhe na cidade de “Bom Jesus do Itabapoana”. Alguém canta, canta e canta, pisando na escadaria... Uma senhora ajoelhada chorando as mágoas do peito chamando alguém  que lhe dê a mão de guarida, nem sempre, nem sempre... Amor e dor só Jesus Cristo!                       
                         Que venham as procissões domingueiras! A faceirice maneira de usar o véu branco cobrindo a face, não como disfarce, porém, como a genuína vontade de espiar suas dores e temores até a procissão passar.        


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