PERDAS DE
BOM JESUS
Neumar
Monteiro
neumarmonteiro.blogspot.com
Não precisamente
nesta ordem, mas o fato é que entre outras, Bom Jesus do Itabapoana vem
perdendo muitas coisas que poderiam ser evitadas pelas autoridades constituídas
ou, também, pelo grito do povo, porque o trato com a coisa pública é também
obrigação nossa: os pioneiros que aqui desbravaram as campinas e trazendo
escravos queriam outras coisas desta cidade, como uma cidade pioneira,
alvissareira e elegante esbanjando moda, florescendo em cada rua begônias,
azaléas e palmeiras ou outras tantas que viessem dar o show de elegância nas
varandas e quintais de cada casa.
Este tempo
passou no calendário, escurecendo a alegria de antes. Agora na Festa da Cidade
é somente um palanque na Praça Governador Portela gritando palmas
roucas sem maior alegria, “Palmas Mudas”, de um ou outro que ali passa.
Perdemos metade das barraquinhas que se alojavam na beira-rio: antes eram
lindas e iluminadas, cantos de sanfoneiros que o dono pagava para chamar o
povo; as pessoas que ali passavam sempre pediam cantigas para lembrarem-se do
amor...
Assim era a
nossa Festa que deleitava a noite e o dia que ia nascendo, agora é diferente: A
alegria sem dono, televisão despontando ao amanhecer até a noite, neste calor
de verão... Perdemos tantas festas que a cabeça atormenta. Citamos: Festa do
Noé – Festa á Fantasia – Festa do Sinal – Santa Festa –
Festa Junina do Olímpico, Progresso e Aero clube – Festival de Música – Festival do Chope – Seresta nos Bares – Rali na Praça Gov.
Portela – Vôlei de Areia na Praça Gov.
Portela - Dia do Desafio - Olímpiada Estudantil – Festival de Sorvete e da Pipoca – Campeonato de Vôlei – Baile das Debutantes – Baile das Dez Mais – Baile da Saudade – Baile de coroação da
Rainha da Festa de Agosto - Carnaval de
Salão e de Rua – Ginásio Zélia Gisner
– Colégio Rio Branco – Colégio MV1... Perdemos muito do que era antes, não
sei se no futuro próximo a consciência urbana muda de caminho para repensar no
que era ontem e o agora.
Tudo passa na cabeça
do povo... Porém, ninguém grita aceitando a renúncia desta terra... Talvez, adiante,
o povo que tanto trabalha cuidando das marmitas, possa, também, tratar dos
festivais para carnavalescos que vêm de longe para alentar os dias do Rei
Momo... Como não? As pastorinhas sempre estão esperando rapazes bonitos para
melhorar o passeio.
Nunca exaltaremos Bom
Jesus com os braços cruzados, porém alguém tem que lutar pelo nosso pedacinho
de terra, pela bênção da Igreja Matriz, do laguinho da entrada da cidade, pelas
casas bonitas que aqui valorizamos, pelo Coral “ AMANTES DA ARTE “, pelos
Colégios que aqui temos e pelo Calvário que de cima do morro abençoa brancos e
negros deste povo varonil. Sinto que neste pequeno Município não há pobre ou
rico, todos trabalhamos no dia-a-dia pela prosperidade desta terra querida.
Vai e vem o sino da praça
embelezando a manhã, como gotas de felicidade entrando de casa em casa com uma
linda sonoridade anunciando o amanhecer. Não há quem não gosta desta gente!...
Um povo risonho e prestativo, lutando pela felicidade, estudo, amizade e
harmonia em busca da alegria de hoje, de noite e de dia; crianças correndo
valentes na escadaria da igreja; um bispo levantando a mão para acolher os
menores, crianças, velhos e outros tantos que precisam de apoio para que a
felicidade se espalhe na cidade de “Bom Jesus do Itabapoana”. Alguém canta,
canta e canta, pisando na escadaria... Uma senhora ajoelhada chorando as mágoas
do peito chamando alguém que lhe dê a
mão de guarida, nem sempre, nem sempre... Amor e dor só Jesus Cristo!
Que venham as
procissões domingueiras! A faceirice maneira de usar o véu branco cobrindo a
face, não como disfarce, porém, como a genuína vontade de espiar suas dores e
temores até a procissão passar.
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