domingo, 16 de outubro de 2011

O NORTE FLUMINENSE - 10/2011

BRASIL SEM AUTOESTIMA 
                                       Neumar Monteiro                                                   

     Contam-se nos dedos as obras que o Brasil se empenhou realizar nestes últimos anos. Falamos de obras não realizadas em todos os quadrantes do mando: de Municipal a Federal.  As pequenas obras são muitas das vezes, mais aplaudidas do que as grandes, pois as primeiras tratam de consertos de pontes, limpeza da cidade, pracinhas impecáveis e conservação de monumentos, igrejas e escolas municipais, tendo em vista que são alvos da opinião pública. Uma cidade bem cuidada espelha a administração municipal, por ela imagina-se todo o enredo de votos políticos.
     Realmente todo o Brasil sofre de baixa autoestima; muitos locais em que passamos vê-se o acúmulo de lixo com os mais controversos objetos: poltronas rasgadas, cachorro morto, comida estragada, entranhas de bichos    e outros descalabros indignos de citar nesta crônica. Chegamos a seguinte conclusão: infelizmente todo o Brasil sofre desse desmazelo público, muito embora o setor do turismo, nacional ou internacional, sempre esteve em alta, o que não deixa de ser uma controvérsia dada a circulação constante de moedas estrangeiras mais fortes que a nossa. É hora de mudar esta história: Brasil mal administrado e o Real correndo às soltas pelos cofres públicos... Sabe-se lá para onde vai!
     Culpa-se o tempo em que vivemos que dá mais valor ao que vem de fora do que as penúrias que se passam aqui... Mal do mundo, mal da gente. Não sei por que, mas antigamente havia um bairrismo mais aplicado, entusiasmo mais fremente e patriotismo maior. Estamos numa época na qual os alunos não gostam de participar de desfiles escolares, notadamente quando se homenageia a Pátria amada, idolatrada, salve, salve! Nem mesmo participam de desfiles oriundos de festejos municipais. Mudou-se a cara do idealismo, findou-se a era do ufanismo e os ratos invadem o navio. A que ponto chegamos!...
     É triste trocar moedas com crianças como: quem comparecer ao desfile terá cinco pontos a mais nas provas; participem que terão um dia sem aula; faremos uma viagem até a praia... Repete-se este fato em todo o país desta terra varonil, do Oiapoque ao Chui.  Tanto se gasta com futebol, carnaval e Rock In Rio, oportunidades em que se constroem estádios modernos, cidade do Rock faraônica, e carnavais alegóricos de tirar o fôlego. O Brasil tem que se mostrar ao mundo como um Rei... Rei dos mendigos, rei das favelas, rei dos sem terras, rei do analfabetismo, rei sem casa e sem mais nada. Ai que vontade de chorar!...
    Nosso país padece de amor-próprio ferido e dignidade ultrajada! Mas não dobra o estilo, não tira o vestido da porta bandeira, não destrói seus monstros, seus desenganos e seus medos... É, afinal, um arremedo de si mesmo, mostrando-se forte para agradar os gringos como se fosse impróprio mostrar a própria cara. Temos que elevar este despreparo aumentando o nível de aprendizagem, embelezando a paisagem, amando esta terra que bem cobiçaram os descobridores quando aqui aportaram.
     Afinal, o Brasil tem que elevar a autoestima trabalhando não só para os cobiçosos olhos do mundo, mas para a valorização desta terra brasileira que deu bobeira, até hoje, só aplaudindo outros países na baixa do brio que estacionou seu povo.

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