SABOR DE ESPERANÇA
Neumar Monteiro
Foi um tempo de amor e versos,
cantos e sonhos na explosão dos sentidos.
Jovens lutando pela paz, que se desfaz
pelos caminhos dia após dia.
Jovens sozinhos a sonhar estrelas
e descortinar janelas.
Moços em profusão e um canhão na voz:
Paz e Amor!
Joviais em seus anseios, enfrentavam
beliscadas de drogas e um tapa
na esperança.
Como crianças brincavam
de mudar a vida: casinha colorida,
flor no quintal e arrozais nos campos:
singelezas e alegrias daqueles
dias incinerados de loucuras.
Fantasias de mudar o mundo
tão frementes eram, que choravam
nas partituras das melodias escritas
nas celas malditas da Ditadura.
Em noites escuras transformaram
o mundo, vergaram a hipocrisia
nas letras musicais distorcidas,
enquanto nos porões encardidos
aprisionavam os idealistas.
Homens fardados assassinavam o corpo,
mas não os protestos saídos das bocas.
Do sonho pouco restou daquele
tempo infernal. Só um ideal
esquecido no quintal onde se
plantou a semente verde da esperança.
Na verdade houve a mudança,
como um protesto de criança
na vontade que chegasse
“Paz e Amor”... Seja aonde for!
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