sábado, 17 de março de 2012

POESIA INÉDITA

AVES  CANORAS
                                                   Neumar Monteiro 

Bem-te-vi que não te vejo
cantando no meu quintal,
Bem-te-vi ficou calado:
bico de canto sem canto,
Bem-te-vi calou-se tonto
no meio do meu quintal.

Bem-te-vi está doente
ou virou um  Juriti;
Bico-de-lacre, lacrado,
saudoso de outros ares
de campos verdes amarelos
aquarelando o Brasil. 

Do Oiapoque ao chuí,
Bem-te-vi não está aqui.
Quem sabe seta certeira
que acabou com o Juruti...
Quem sabe falta comida
nos campos sem mais searas,
áridos de grãos, terras sem nada,
Bem-te-vi não está aqui . 

Nem vi Bico-de-lacre,
nem Curiós nem Canarinhos
somente as Garrinchinhas
cantando estrofes em
seus ninhos.

O céu livre de aves,
Tiê, Tiziu,Sabiá...
o  canto cantava aqui
e já nem canta acolá.
Trinca-ferro sem seu canto,
um desencanto no céu...
Tico-tico Verdadeiro
verte lágrimas de solidão,
enquanto voa o Azulão
perdido na imensidão.




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