CORRIDA
DO TEMPO
Neumar Monteiro
Os dias passam
ligeiros que mais tempo não há de amornar correria para ver o tempo passar.
Corre agora, correu o ontem que já passou por aqui e já não passa acolá;
vivemos na corda bamba de dois pra lá, dois pra cá, conforme for o bolero que
nós devemos dançar.
A dança se faz lamento
de tanto pra lá e pra cá, como se fosse urgente à hora de se parar: os pés
inchados de bolhas quer da unha ao calcanhar, agora é hora da pausa dos dois
pra lá, dois pra cá. Bota a viola nas costas, saindo na faceirice, agradecendo
o bailado num tom de troça brejeira e vai buscar outros tantos nas faceirices
matreiras e nas cantorias entoadas, enquanto a lua está cheia, encontrando
outros bailados para dançar noite inteira pendurando a viola no galho da
macieira.
Pausando a cantoria, a
cigarra canta seu canto na brejeirice do galho, dedilhando o violão em notas de
papagaio que vai entoando lamentos com saudades do pardal, o vizinho da
cidade... Pausa, então, a cantoria, fugindo a voz forasteira que, sem dinheiro
ou mandado, não pode animar a festa sem o pato dodói, o corneteiro da noite,
que abala a passarada tocando corneta tão alta melindrando os convidados que
saem depressa voando para esconder suas caras. A terra ficou melindrada e dodói
fugiu contente.
Corra corrida no tempo, sem
dar o nó na gravata; o sol achou pertinente mostrar a força da raça, pois é o
rei da manhã que amanhece a boiada, que alardeia o calor nas madrugadas geladas
e ficam ali espiando as cordilheiras molhadas pingando as lágrimas ao vento na
profusão da invernada. Nos olhos da
noite calada há folias de carnavais, a onça avança seu passo para comer o
coiote, a única presa que espreita, dá-lhe o bote pertinente e enche a boca
contente, lá se foi à noite inteira comemorando o presente - corra corrida no
tempo!
Lua minguante vira
barbante de imprensada luz, tão pequena no espaço!... Segue o caminho da
revolta por não ser como a lua nova, crescente ou cheia, o que desvaloriza o
seu espaço de expandir beleza e que contrai o seu ego: apertar, encolher e
encurtar é o seu destino.
Há olhos que enxergam os
valores da vida, outros desmentem as suas qualidades, pois muitos renegam os
destinos que lhes foram dados. O tempo absorve os desenganos de alguns e,
outros, continuam a jogar pedra na própria sombra e maltratar a alma. Somos
filhos da aventura do viver; somos os povos espalhados pelo mundo como judeus
errantes; somos o símbolo do medo e da esperança e nascemos para acrescer um
espaço preparado para nós. Somos um veículo que não pode transcender o seu
destino e, se transcendeu, foi abençoado pela misericórdia de Deus.
Tudo nesta vida se
completa no que nos foi legado; nada fica de fora no momento de nossas agruras,
inseguras, do amanhã, pois tudo faz parte da nossa história e trajetória da
nossa vida. Sim, temos tudo a abençoar e tudo a comover: O Papa Francisco, que
abençoou o nosso povo brasileiro e arregaçou a manga da sua vestimenta para
cobrir a todos ali presentes e os ausentes desta terra de esperança e louvor. O
Brasil foi abençoado de todos os quadrantes desta terra bonita; vamos dançar e
amar, em dois pra lá e dois pra cá, num recato de esperança que o mundo vai
revirar quando a festa da cristandade, que o Papa Francisco comemorou, deixando
o mundo cristão efervescido de amor,
balançando de norte ao sul a bandeira cristã da Paz para que nós, brasileiros,
num abraço de amizade, coloquemos a cruz de Jesus, abençoada de luz, em cada casa
e cidade - Assim o mundo é feliz!
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