SAUDADE
Neumar
Monteiro
(ao meu pai, logo após
o seu falecimento)
Há dias que a saudade
dói,
mói, destrói o meu
ser.
Do leito desfeito,
com dor no peito,
vejo sua imagem
no retrato do meu
quarto.
E choro, imploro e
deploro
a sua lembrança.
Como criança adormeço,
desfaleço,
E me realizo nos
sonhos dourados,
Idealizados,
acalentados nas
longas noites de suspiros
incompreendidos,
adormecidos,
submetidos e camuflados
no fio, sem brio, do
pensamento.
E me debruço, soluço,
No surdo-mudo travesseiro.
Lá fora, no escuro da
noite,
o açoite do vento num
lamento
chora comigo – amigo antigo
dos meus devaneios e
anseios
de poeta.
A lua pela janela
aberta,
indiscreta, espia
e cicia canções de
acalantos.
Prantos. Desencantos
desumanos
saídos da alma.
E essa saudade nua e
crua
a torturar-me o
coração.
Há dias...
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