segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

LIVRO "DEVANEIOS"



SAUDADE
                                         Neumar Monteiro
(ao meu pai, logo após o seu falecimento)

Há dias que a saudade dói,
mói, destrói o meu ser.
Do leito desfeito,
com dor no peito, vejo sua imagem
no retrato do meu quarto.
E choro, imploro e deploro
a sua lembrança.

Como criança adormeço,
desfaleço,
E me realizo nos sonhos dourados,
Idealizados,
acalentados nas longas noites de suspiros
incompreendidos,
adormecidos, submetidos e camuflados
no fio, sem brio, do pensamento.
E me debruço, soluço,
No surdo-mudo travesseiro.

Lá fora, no escuro da noite,
o açoite do vento num lamento
chora comigo – amigo antigo
dos meus devaneios e anseios
de poeta.

A lua pela janela aberta,
indiscreta, espia
e cicia canções de acalantos.
Prantos. Desencantos desumanos
saídos da alma.
E essa saudade nua e crua
a torturar-me o coração.

Há dias...

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