O HOMEM
DO LAMPIÃO - O
empresário maio 2014
Neumar
Monteiro
Diógenes de
Sinope perambulava pelas ruas carregando
um lampião, durante o dia, alegando estar procurando por um homem honesto.
Diógenes era cosmopolita, pois não aceitava
ser ateniense nem grego e sim um cidadão do mundo.
Calculem se esta moda
pega no Brasil, um país onde o nepotismo e a corrupção caminham de mãos dadas e
a impunidade impera principalmente para os colarinhos brancos!...
Gastar-se-ia tantos lampiões e tanto
querosene que a energia elétrica seria desnecessária.
Quantos casos de
malversação de bens públicos veem à tona e nada acontece?... O que adianta
condenar às penas que não serão cumpridas? O ideal seria arrebatar os bens em
indenização ao Estado. Nesta terra distante, onde tudo verdeja, não faz muito
pelo bem estar do povo... Temos certeza!
Grandes promessas de políticos que nos enchem a cabeça, mas só tratam de
si mesmos como véspera de quaresma. O povo sofre, espirra e se encolhe como um
chafariz de lágrimas vertendo águas ferventes. O que será desta gente? Crianças
lambendo a panela em fôrma dos condenados e lá na cozinha da casa só tem um pão
e mais nada. O homem do lampião, todo borrado de lama, que só de lhe ver os
olhos dá vontade de chorar - pimenta acesa no olho e tristeza no olhar!... O
homem não sai esta noite para o peixe arrastar... Noite triste a de dezembro,
quase na noite de Natal o arrebol de esperança...Porém, de esperança, mesmo, já
não se encontra jamais!
O homem do lampião
como um Diógenes perdido, talvez perdesse o lampião naquela noite vadia sem
perguntar ao irmão o sumiço do seu vício. Tantas perguntas surgiram para
desacreditar o filósofo, homens e mulheres cinicamente marcando, passo a passo,
no silencioso silêncio - como cruz carregada no ombro de cada um; entre risos e
chacotas pulando cercas e derrubando casas como demônios saltando e
arrebentando a última da esperança de uma noite tranquila, iluminada, e que na
rua cessem os vândalos e os sem guarida, deixando os lampiões aos pés da Virgem
Santa Maria.
O dia nasce bem
quente, de uma quentura dolente que dá vontade de dormir... Lava o pé Diógenes
e calça a sandália do dia! Lá fora os sinos tocam acordando os mensageiros:
reis, famílias diversas e os pobres pedindo o pão pelas calçadas... Cabeças
enroladas nos panos, mal surgindo um novo dia, oferecendo um espelho de outro dia
sem paz.
Povos guerreiros e estrangeiros lavam suas
saias, baias e nostalgias no sol da casa vazia; a mãe, temerosa, traz a criança
nas costas para não perdê-la da vista, cantando uma ária distante que uma vez
escutara: Um som de noite de guerra, faca ferindo caras e pescoços arrancados
dos ombros... Sons que faziam medo e traziam horrores àqueles pobres coitados
que lutavam pela Pátria e honraria do berço. O Homem do Lampião já não acende
sua luz e lutou pela nossa Pátria ou por outras Pátrias gentis, levando Cristo
no peito e brigando pela sociedade, alavancando penhores pela estabilidade da
moeda e do desenvolvimento econômico e, o Brasil, cresceu de nov Será que o Diógenes de hoje carrega um
lampião para achar um tesouro? Ou joga o tesouro na arca ou parte para jogá-lo
no seu bolso? Não duvidamos de nada.
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