quarta-feira, 6 de outubro de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

SEMPRE  UMA  GLÓRIA    05/1998

                                                                                                                                   Neumar Monteiro

                                                                                                   

            Outro dia,  participei da Noite de Autógrafos do livro de Darlene Glória, “Uma Nova Glória”, ocasião muito grata em que revi queridos companheiros de literatura. O evento aconteceu na acolhedora São José do Calçado, cidade de clima europeu, fértil em talentos nas diversificadas áreas do conhecimento humano. A Academia Calçadense de Letras prestigiou-nos com uma solenidade elegante, ao mesmo tempo que significativa e moderna, sendo muito elogiável os números lítero-culturais apresentados. Ao final, falou a consagrada estrela da noite com a simplicidade que reveste os corações nobres.

            Ouvir a Darlene Glória foi como caminhar para trás  em décadas de história. Um testemunho em cada palavra daquela mulher forte, que entreabria ao mundo os seus sentimentos e camuflava suas emoções sob o sorriso calmo. Uma parte de sua vida participamos, a de seu sucesso no Brasil e no exterior. Promissora carreira da menina do interior capixaba, que deu “nó em pingo d’agua” para chegar ao estrelado; e lá em cima, no cume das ambições terrenas, soube antever a hora de voltar. Retrocedia uma estrela, deixando aos seus admiradores um brilho de saudade.

            Lembro-me de ter assistido o filme “Toda Nudez Será Castigada” ao lado de uma amiga. No elenco sobressaía a inteligência da Darlene que dizia as frases rascantes do texto sem intimidar-se com a moral da época; seu porte impunha respeito e sua beleza provocava comentários entre rapazes. Pensei, na ocasião, em sua coragem de sobrepor-se à pequena burguesia vigente, exibindo-se sem peias aos olhos da cobiça humana. Foi uma experiência de valentia, de garra, notadamente para nós do interior tão atrelados a moral provinciana.

            Hoje eu a vejo com outra luz.  Os seus olhos continuam os mesmos, muito embora mais sábios; quietos nas órbitas como cometas que encontraram derradeiro caminho sideral e que já não precisam vagar sob aqueles paetês.

A história de Darlene Glória, como a da humanidade, se fez em duas etapas: a de antes e a de depois de descobrir Jesus. Ainda bem que ela teve essa preciosa oportunidade

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