segunda-feira, 27 de junho de 2011

POEMA DO AMOR ETERNO - 1978

A  LÁGRIMA

                       Neumar Monteiro 

Na primavera dos meus sonhos mais belos

encontrei-me, um dia, com uma lágrima.

E perguntei-lhe enraivecida.

Por que me persegues? Que queres de mim?

Vai-te embora daqui, que não preciso de ti!

Volta ao lugar de onde vens, pois nesta terra

és temida e odiada por todos.

Esquece a humanidade!

Quero desta vida somente as alegrias e os risos.

Deixa-me, portanto, em paz! 

E a lágrima, sentida, respondeu-me:

“Deslizei dos olhos de Cristo, no Calvário,

quando Ele, expirando na cruz, pediu ao Pai

a redenção dos homens.

SOU REDENTORA! 

Morei nos olhos de Maria, quando Ela

chorou pelo seu Santo Filho.

SOU SANTA! 

Beijei a face de Madalena,

no momento que que Ele a perdoou.

SOU SALVAÇÃO! 

Vivo nos olhos felizes das mães

que recebem os filhos pródigos

que regressam ao lar.

SOU PERDÃO! 

Morro a cada dia com a morte e

renasço a toda hora com a vida.

SOU RESSURREIÇÃO! 

Sou o lenitivo da saudade,

o primeiro vagido de quem nasce

e a derradeira emoção do amor.

Sou, também, a tristeza da partida

e a alegria do regresso.

Habito os casebres mais humildes,

misturada ao pó, e os castelos dos nobres,

entre faustos e riquezas.

Estou e estarei sempre presente no homem,

desde Eva até o fim dos tempos!

“Pobre Humanidade, que não entende

a nobreza do pranto!”

Calou-se, enfim, a lágrima sentida..

Calei-me também, comovida e grata.

E minh’alma, aprisionada no sepulcro

de atávicos temores, revivesceu feliz

no pranto libertador e puro

que banhou meu rosto!




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