sábado, 4 de junho de 2011

REVISTA STATUS 08/2006

SENSIVELMENTE LINDO 
                                                       Neumar Monteiro

Sensibilidade: Faculdade de sentir emoção, sentimentos, conforme registram os dicionários, impossível ao tato e ao olfato, mas perfeitamente perceptível nos seres humanos. Sensibilidade é um afago de carinho que escorre da alma para as mãos; um admirar da natureza, um contemplar de um quadro... Acima de tudo é a valorização de um estilo arquitetônico, compreendendo-o como um bem inestimável à comunidade.
Sensibilidade demonstrou o Supermercado Varejão ao conservar o estilo de época de um casario do início do século XX. Deveria ser regra geral ou inserida no código de postura a preservação da história cultural de cada cidade, retratada nas antigas construções habitacionais ou não. Assim o fez Ouro Preto, Parati, Salvador e tantas outras que hoje são reconhecidas pela UNESCO como patrimônio cultural da humanidade.
As nostálgicas vivendas e ermidas, casarios e sobrados, são marcos indeléveis da historicidade de um município, além de inestimáveis condutos de aprendizagem dos tempos idos que nos alcançam em cada parede, madeira ou prego que ali se encontram. História viva, que interage e se insere nos tempos atuais.
Sabemos que os imóveis podem ser reformados, pintados ou ampliados, de acordo com a necessidade de cada um, mas o estilo merece ser preservado. É o mínimo que podemos fazer pelos nossos jovens. A história de uma comunidade é causa direta do amadurecimento de seu povo; povo que amadurece é aquele que faz acontecer às transformações sociais e que engendra os melhores projetos sócio-culturais. Dá gosto ver como as cidades européias conservam a característica do seu tesouro patrimonial universal, que retorna como fonte de divisas para a melhoria das universidades, monumentos e outras edificações, tudo proporcionado pelo turismo.
Em Bom Jesus, infelizmente, acontece o contrário, todo dia assistimos o lamentável fim de um patrimônio centenário nessa ótica distorcida que o bonito é o moderno. Ainda bem que existem alguns que ainda prezam a história.
Povo sem memória é povo inculto. O que se tira do passado não se repete no futuro, como uma prece mal feita ou um tesouro desprezado. Nunca mais se vê o que foi destruído... Para o desprazer de muitos!         


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