sexta-feira, 20 de maio de 2011

DEVANEIOS

VENTO  E  MAR

Vento, vagando,
vertiginoso vento!
Vai levando, velozmente,
o som do meu lamento.

Vento, vadio,
na vaga vai ventando,
num vaivém, violento,
o meu sonho carregando.

Vida, vaidade,
volúpia e valentia
vão nessa onda da noite
voltam na vaga do dia.

Vento, viandante,
vagabundo dos espaços!
Levou, inteiro , meu sonho
e  o devolveu em pedaços.



MARIA  MISÉRIA

Maria Miséria do beco da fome,
Maria sem nome, Maria qualquer.
A cruz da desdita lhe pesa nos ombros,
Nos ombros cansados da pobre mulher.

Da dor traz a marca no rosto enrugado,
Cansado, abatido, sem vida, sem cor.
As mãos estendidas, pedindo clemência,
Cabeça pendida, sem sonhos de amor.

Maria Miséria do beco da fome,
Seus dias de glória o tempo apagou.
Seus olhos, outrora, que pouco choraram,
Choravam tristezas que o vento secou.

Na tumba sem nome do beco da fome,
Repousa Maria na campa sem flor.
Maria Miséria da vida sofrida,
Tem hoje guarida na paz do Senhor!



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