terça-feira, 31 de maio de 2011

O NORTE FLUMINENSE - 08/2006

VIVA A FESTA DE AGOSTO! 
                                                                                               Neumar Monteiro


Outra vez a Festa de Agosto. Tantas já vivenciamos no passado... Hoje, com certeza, sem o glamour de inesquecíveis épocas. Talvez, aos olhos de ontem, esteja descaracterizada, insossa e sem vida.  Os tempos são outros, as músicas não são as mesmas e até as barraquinhas à beira-rio já não as temos. Mas continua a nossa Festa de Agosto em que encontramos os amigos, que aqui não mais residem, quais aves de arribação que vão e voltam em agosto.
Saudosismo, quem há de não senti-lo? Saudades do Aero Clube hoje no ostracismo, feio, apagado e sem espírito. Dá-nos a sensação de um passado carcomido e tenebroso. Ali, naquelas paredes, ficaram aprisionados os sonhos e as ilusões da nossa juventude. Boas lembranças do Baile da Saudade que hoje já não dançamos. Culpa de dias difíceis, da falência da memória cultural ou de uma coletividade que não congrega esforços em busca de soerguê-lo?
Festa de Agosto do Michel da barraca, da pipoca da dona Adelaide e do amendoim “beijinho doce” do seu Izaltino Lima; das bandas marciais dos colégios da cidade e das disputas dos clubes Olympico e Progresso; do colégio Zélia Gisner e do Colégio Antonio Honório; do “Morrer Sonhando” declamado pelo Salim Tannus na abertura dos festejos; dos inesquecíveis shows em praça pública e dos grandiosos fogos de artifício, apresentados pelo Jonas “fogueteiro”, ao final da nossa festa; da campanha da rainha da festa promovida pelo Centro Popular Pró-Melhoramentos de Bom Jesus e assessorada pelos inesquecíveis Dr. Sebastião Diniz, Dr. Oliveiro Teixeira, Dr. Waldir Nunes, Dr. Ary Lima de Moraes, Anselmo, Luizinho Teixeira, Sebastião Alfeu e outros.
Mas, a trancos e barrancos, continua a nossa Festa de Agosto. Resgatamos a procissão da Coroa do Divino, um passo importante no retorno das tradições da festa. Tradição é algo muito importante, por constituir a identidade de um povo. Sem ela uma comunidade não se distingue de outra, pois é na aprendizagem do passado que se planta a raiz do futuro. No envolvimento de pessoas, em cada acontecimento popular, reacendemos, continuamente, a chama da cidadania e do ufanismo comunitário.
Assim, definhando a cada ano, a nossa tradicional Festa de Agosto corre o risco de acabar de vez, sabendo-se que já foi considerada a maior festa popular do Estado do Rio de Janeiro. De quem a culpa? De todos aqueles que desconhecem a importância da tradição para a solidificação da cultura e do bairrismo da sua terra.   


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