quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O NORTE FLUMINENSE - 08-2011


QUANTO TEMPO DE AGOSTO
  Neumar Monteiro                                                                                                
                       
              Quanto tempo eu o vejo passar, agosto... Desde as fanfarras que encantavam as nossas vidas. Os colégios, engalanados, se vestiam de cores belas que aplausos recebiam; também havia amor a esta terra, bem como, altivez, amizade e honraria. Um agosto com gosto de fantasia que salpicava, em nossos olhos, um brilho contagiante de alegria.
                          Vejo hoje e quase sempre estas fotos, que do passado transitam em minha mente; e sinto a saudade boa que me toma e, sonho, através dos pensamentos. Penso naqueles que não viram as nossas festas, que a cada ano vão murchando lentamente. Culpa dos tempos modernos que já não gostam do que outrora seduziam? Ou do descaso que, por acaso, nos assombra? Sabemos ver e entender este futuro que passa célere sobre sonhos e fantasias? Hoje a ganância tem o preço do pecado e a saudade já venceu sua valia.
                          Antes, era lindo o alvorecer do mês de agosto, o céu de fofas nuvens embranquecidas... Um vento frio que gelava o nosso rosto, luvas nas mãos e meias coloridas. Bailes no Aero, Tupy e  Noelandia - que ficava lá no horto da cidade - hoje azaleias e árvores elegantes foram cortadas, destruindo este passado de saudade. Quem quisesse um dançar apimentado, tinha o “Mané Zefina” ou a “Senhorinha” de entremeio. Casas lotadas no rodopio dos boleros, rosto colado, amor de graça de permeio.
                               Banda de Música que o Áureo Fiori conduzia; Banda Marcial do Antonio Honório, que José Tebet Cury regia; Bandas do Rio Branco e Zélia Gisner; Banda de Carnaval que o Tupy trazia, invadindo a festa de alegria; bandas que se querem bandas!... Gritava o povo em euforia! Cada uma a seu estilo, que aplausos recebiam. Pipocas e barraquinhas ao lado da Igreja Matriz, que contornam a beira rio e serpenteiam até a praça. Corrida de saco e bicicleta; gincanas, turistas e fulanas batendo palmas com gosto; a praça cheia de vida e grande contentamento, na passageira alegria de três dias de agosto.
                               Hoje tudo mudou: a praça agigantou e virou cidade grande. Mas o coração persiste amando esta terra guarida, que crescemos admirando para sempre em toda a vida. Os rumos políticos são os mesmos, que de janeiro a janeiro trabalham por Bom Jesus. Quantas melhorias foram feitas, que falando o contrário não se pode admitir: o asfalto está cuidado, as flores estão bonitas; o chafariz da cidade esguicha águas amigas; o Calvário lá no monte, histórico para nós todos, vigia o nosso horizonte e reza por esta terra, que já teve um homem santo, escritor, poeta, agrimensor, que chamava Padre Mello. Hoje os frutos amadurecem neste solo cristão. Cuidados e abençoados na Igreja que zela a praça deste povo cordato e ordeiro, que comemora a vitória: do bem, do amor e da graça.
                                Bom Jesus agora e sempre foi um recanto de luz... Gente forte e povo amigo que não se esquece desta terra que, muito embora os deslizes, continua pelejando na jornada do batente pelo pão de cada dia. Agora, no tempo de agosto, recebemos com alegria os conterrâneos ausentes: BOAS VINDAS, BOA GENTE!                      




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