O JUÍZO FINAL
Neumar Monteiro
Súbito cobre-se o céu
de um negro intenso.
Nuvens de espavento
passam céleres
como corcéis
galopeando campinas.
Ribombam os trovões
como tambores de guerra.
Faíscam pelo ar
os raios multicores!
Silva, ruge, assobia
o vento gélido da morte.
E os homens, espavoridos, correm,
tentando fugir em vão
à fúria Divina!
Abrem-se sulcos no chão.
Incham e espumam ferozmente
os mares encapelados.
Línguas vorazes de fogo
lambem o solo.
Pássaros, plantas e feras,
tudo se consome.
Foge amedrontada a luz.
Milhões de estrelas cadentes
ziguezagueiam pelo espaço.
Apagam-se os pirilampos,
tragados pela escuridão
e pelo caos.
Por fim, tudo clareia.
Anjos adejam pelo ar
entoando canções.
Apartam o bom do mau
e os lobos das ovelhas.
Cânticos de louvores e lamentos
enchem a imensidão dos céus.
E sofrendo e suando
vão os homens
pastoreando a sorte.
E Deus, do infinito, tudo vê.
E, na sua bondade,
passa sobre a culpa dos homens
a esponja do perdão.
Dá novamente o Verbo feito carne
em prol da humanidade.
E esta outra vez O leva
ao Gólgota das injúrias,
fria e indiferente à Sua dor
no Calvário das penas!
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