quarta-feira, 27 de julho de 2011

O NORTE FLUMINENSE - 2006

NO  TEMPO  DO  RÁDIO 
                                                                                                                                                                             Neumar  Monteiro 

                            Quando criança, sempre ouvia o rádio propagando jingles que eram entoados, repetidamente, pelas crianças. Naquele tempo, em que não existia televisão, o rádio era o maior veículo de difusão de informações, bem mais do que os parcos jornais que circulavam no interior. Através dele, aprendíamos sobre música, política, economia e outros tantos assuntos de interesse nacional.
                            Na ocasião da morte do Chico Viola, alcunha do saudoso Francisco Alves, soubemos da notícia através do rádio. Naquele dia, lembro-me ainda, o meu pai, Athos Fernandes, levava-me no colo atravessando a Rua 15 de Novembro. Pequenina que era, não entendia a importância do triste acontecimento, mas senti que era algo muito sério, “chora o mundo inteiro Chico Viola morreu”, deixando mais de 130 composições. Também, gravou Lamartine, Noel, Ismael, Herivelto, Caymmi, Nazaré, Catulo, Zequinha de Abreu... Enfim, um gênio da música popular brasileira.
                            Nas noites da minha infância, toda a família se reunia para ouvir “A Voz do Brasil”, os rádios, teatros e as novelas, então muito em voga, apresentando personagens como o Anjo, o Jerônimo - filho de Maria Homem - com seus fiéis amigos Jaguar e o Moleque Saci “lutando pelo bem contra o mal”. Impossível esquecer o “Balança Mas Não Cai”, com o primo rico e o primo pobre (antes no rádio e depois na televisão). O “Repórter Esso”, um informativo, na voz de Heron Domingues, de hora em hora e em edições extraordinárias. E o “Direito de Nascer”, Albertinho Limonta, Izabel Cristina, mamãe Dolores e o Dom Rafael ? Imperdível !...
                            Das mensagens musicadas da época merecem destaque: “Melhoral, Melhoral é melhor e não faz mal”; “Para um banho de beleza, Palmolive-se dos pés à cabeça”; “Lembre-se: dor que não for de amor, Cafiaspirina cura”; “Regulador Xavier, o remédio de confiança da mulher, nº 01 excesso, nº 02 escassez”; “Quem bate? É o frio! Não adianta bater, eu não deixo você entrar, as Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar”; “Se a criança chorou, dorme, dorme, filhinha, tudo calmo ficou mamãe tem Aurisedina” e  “Varig transporta passageiro, passageiro pelo mundo inteiro”.
                            Tempo de ontem e tempo de hoje, uma linha tênue separando-os. Sem limites, porque as lembranças sobrevivem intactas, conforme um poema que escrevi: O ontem e o hoje num só quadrante, como o desabrochar de uma flor só dura àquele instante!...Saudades do meu pai.






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