domingo, 10 de julho de 2011

REVISTA STATUS - 2006

E O PALHAÇO O QUE É?                                                    

                                                             Neumar Monteiro 

Tempos atrás, toda cidade recebia o circo que, ocasionalmente, montava a sua tenda de lona nos terrenos baldios. Era muito bom recebê-lo! Que algazarra das crianças; que rebuliço aquela correria atrás das carretas que exibiam os animais circenses, os malabaristas e os artistas que cuspiam fogo pela boca. Os palhaços jogavam balas e pirulitos chamando para a estreia, enquanto equilibravam bastões coloridos no vermelho nariz de bola.
Todos vestiam roupas de festa para ir ao circo. Era o acontecimento social do ano. Sob a tenda, representavam teatros, cantavam modinhas divertidas, implicavam com a plateia e, às vezes, até convocavam alguém para participar da cena que se desenrolava no picadeiro. Uma alegria para a meninada que se encantava assistindo as evoluções dos trapezistas, as momices dos palhaços, as apresentações dos mágicos, contorcionistas, feras domadas e o globo da morte. Quem não se lembra do circo dos irmãos Temperani, Queirolo, Bartollo e Garcia? E outros mais que nos falha a memória?
Que belas recordações dos tempos de ontem! Incluindo as do Parque Filadélfia que anualmente nos visitava, armando suas ferragens no alto Santa Rita, em frente ao Colégio Rio Branco. Os meninos dedicavam músicas para as meninas, tipo: “tu és a criatura mais linda que os meus olhos já viram”, “ninguém é de ninguém na vida tudo passa”, “Deus meu Deus, tenha piedade de mim faça com que ela volte”... “Alguém dedica a alguém e este alguém sabe quem”, era a chamada do correio sentimental para a música encomendada. Esta brincadeira rendeu vários casamentos.
Hoje não temos mais circos, nem terrenos baldios para armá-los. Administrações passadas não se preocuparam em reservar um lugar para tão grata acolhida. Um circo faz muito bem para as crianças no desenvolvimento da afetividade, no ensino da perseverança de fazer e conseguir, e nas relações humanas, de maneira geral, já que é fator socioeducativo; itens tão necessários à boa convivência, conforme o exemplo do saudoso palhaço “Carequinha” com suas valiosas lições de simpatia, solidariedade e amor aos pequeninos, à natureza e aos animais.
                    Hoje tem marmelada? Só as políticas; que geram a indiferença e o desamor. Os palhaços somos nós mesmos, que privamos os nossos filhos de lembranças tão importantes da infância.                      



                                                         (Revisão Ortográfica)


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