quinta-feira, 21 de julho de 2011

POEMAS DE NEUMAR



REFLEXÕES 

Um dia, despi
a mortalha que me envolvia
e vesti as cores douradas
do amor.
E saí, brilhando de felicidade,
pelas ruas estreitas da cidade,
cantando versos de paz
e cheirando a vinho antigo.
E todos se embriagaram
com o perfume do vinho,
com os olhos dormentes
pelas faíscas de ouro.
Beberam-me. E por não
compreenderem a razão
de tanto júbilo, rasparam-me todo o ouro
e me deixaram nua.
Então, deduzi que os homens
desconhecem o brilho
e o perfume do amor.
Vesti novamente a mortalha
da infelicidade e recolhi-me
à caverna escura
do meu ser contrafeito.
Hoje, sou pérola negra
no útero de uma concha
discreta e civilizada.



PREMONIÇÕES 

Não canto o agora
nem o passado.
O futuro, não me importa!
Canto a eternidade,
Além da vida, além do mundo. 

Canto o infinito
das coisas incriadas,
do primeiro grito
do Universo iniciante
ao último estertor
da Criação. 

Segredei às nebulosas
os meus caros anseios.
Assim, depois da vida
e depois da morte
a mensagem permanecerá
intacta, e será compreendida
por outra espécie de seres
que habitarão os mundos.
É só o que me basta.

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