FALANDO EM SAUDADE -NF 08 - 2010
Neumar Monteiro
E por falar em saudade, a festa retornou! Outra vez mais jovem, ademais faceira, abraços renovados na magia feiticeira! O laço está armado para prender corações: corações vazios, corações repletos e os dispersos que só no agosto se enlaçam. Festa de agosto é cachaça que embriaga sem perdão.
Volta outra vez o agosto. E continua voltando, pois sempre volteia a saudade onde o amor semeamos. A cara da nossa cidade, com nova praça e nova vida... Vivacidade na rima, amenidade no nome. Aqui é a casa do conde onde lembranças ficaram: a ponte que liga os nortes - Norte Fluminense, aqui, a Bom Jesus do Norte. Felicidade é ter, vizinha, aquela do mesmo nome. Quão sobranceiras são as cidades que amamos!
Mais uma festa de agosto de tantas outras vividas. Só quem merece alcança o retorno a esta terra... Uma cidade pequena onde brotam as goiabeiras, mangas, jacas e as oitizeiras que ensombream o horizonte. E já o velho pau ferro, que vida tanta viveu, continua lá na praça vigiando o que é seu: olheiro de nossos abraços, beijos, afagos e cansaços, sonhando com os sonhos meus.
Por mais que o tempo se espalhe no espelho dessa vida, onde se há transcorrida a juventude saudosa, nada iguala à liberdade que já havemos vivida. Hoje o tempo é diferente e passa bem mais depressa. Não a saudosa preguiça que dormitava contente, e que esticava a madorna naquelas tardes indolentes, quando já findo os trabalhos do dia a dia da gente.
Que correria danada virou o nosso futuro! Ninguém tem hora pra nada. Se tenta chegar na hora a hora corre inclemente, acabamos atrasando o compromisso que temos. Cara feia, atropelos... O chefe anota no ponto descontando na saída, lá se foi um dia inteiro de tantas horas perdidas.
Bom mesmo é a Festa de Agosto! Nada atrapalha o tempo do tempo já consentido. Banda de música tocando o hino de Bom Jesus; barracas vendendo panelas, bilboquê e adereços; presilhas para o cabelo, cachorro quente e demais... Enquanto o “Choppin” da praça aplaude o povo que passa transbordando de alegria. Tudo é festa na cidade: rola o chope de verdade e a criança pega a bola que, amarrada na linha, voa com o vento que a leva, enquanto o frio de agosto arrepia o visitante que prestigia, a cada ano, os festejos desta terra.
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