“O PULSO AINDA PULSA” -NF 10 - 2010
Neumar Monteiro
Verborreia, descaso, demagogia; mentira, roubalheira e velhacaria... E o pulso ainda pulsa! O sucesso musical do grupo “Titãs”, composição de Arnaldo Antunes, marcou um tempo de muitas controvérsias. Podemos dizer que mudou a cara de conceitos antes irredutíveis. Esta crônica baseia-se no estilo do grande compositor, com nova roupagem, para especificar o mundo de hoje em pleno Terceiro Milênio. Brincadeira séria que tem por intuito, específico, de chamar a atenção dos leitores para a agravante crise político social que o Brasil atravessa.
Politicagem, votos comprados e mídia vendida; passar a perna, hipocrisia e euforia; traição e punhalada a luz do dia, chacota, xingar a mãe e roubar a tia... E o pulso ainda pulsa! Assassinato ainda é caso de descaso. Vadiagem sem estar na grade onde devia; violência em plena casa por covardia, e a lei, braços cruzados, sem mais valia. Misericórdia aos desvalidos!... Quem mais os guiam? Homenagens aos puxasacos todos os dias, enrolação, falta ao trabalho, disenteria, turma que se enturma na comilança e zombaria... Salve este mundo, Nossa Senhora, virgem Maria!
O pulso ainda pulsa: muito embora a miséria da periferia, que já se achega aos bairros ricos da hipocrisia onde a fartura se enclausura, dia a dia, sem ver as rodas em que se rodam as próprias vias. Pulsa pela ingratidão e pelo desprezo o pulsar pulsante da agonia: falsidades camufladas de bondade, demérito, descrédito e zombaria.
Abusos só aumentam a euforia, sejam em cidades grandes ou cercanias: drogas, malandros e desprezos; mentiras, despropósitos e desarmonias. Colégios fechando as portas a cada dia, e ninguém concede a mão para erguê-los. Instruir o povo é Democracia que é o mínimo que merece o brasileiro.
O pulso ainda pulsa! Muito embora o desinteresse pela saúde pública onde os males não têm como expurgar. Doenças, as mais sortidas, se propagam, à surdina do descaso popular. Pulsa o coração demente, a cabeça pendente e o pranto a derramar. Pulsa o mal que nos devora, a casa na penhora e a comida que não há. Pulsa a criança que tem fome, a ternura sem ter nome e a vontade de mudar; pulsa o abandono do carente e a boca murcha, sem dente, daquele infeliz cidadão. Pulsam a ingratidão e os calos da mão... Ainda pulsam! Pulsa, pulsando, a solidão.
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