domingo, 10 de janeiro de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

BARBA CABELO BIGODE  - NF  06 - 2009

                                                                                                           Neumar Monteiro

                                                                            

           

                                   Bom Jesus anda perdida, encolhida nos seus pesares. Está feia, encardida, não mais a cidade bonita que crescemos admirando. Quase não se veem mais flores, nem bandas com suas marchinhas sonantes pela cidade. As ruas vão se encolhendo tomadas pelos veículos, num trânsito desordenado que espreme o povo oprimido.

                                   A diversão passa longe, de festejos tão distantes que a gente não sabe mais; outro tempo, outra era, que o povo de nossa terra olha o passado e compara com este tempo fugaz. Aonde as crianças na praça, amarelinha pulada e o pique bandeira de antes? Tudo ficou na saudade, perdido na voracidade da atualidade frustrante.

                                   Há tantos anos pisamos as mesmas pedras das ruas - calçamentos tão antigos que na verdade duvido que saiam algum dia dali. Só que desniveladas, faltosas em algumas partes... Buracos do João Buracão! E o povo já não faz nada, acata a derrota calado, perdido na aceitação.

                                   Entre janeiro e dezembro tudo é igual por igual. Impotente, sem palavras, o povo miúdo se encolhe em ruelas, favelas e lixões. Buscam o sustento no lixo, porque emprego é luxo numa cidade perdida sem fábricas e sem atenção. Nada aqui vai prá frente, fica empacado, dormente, como burro com antolhos; se chove as ruas alagam, água nas casas e escritórios, quais cobras serpenteando na triste desolação.

                                   Um rio que era bonito, enfeitando a paisagem... Hoje enfeado e suspeito é o espelho do descaso de tantos e tantos prefeitos. O que fizeram com um rio com águas tão fabulosas? Romperam com a mãe natureza! Que ocasionou, com certeza, a morte de espécies de peixes das quais já não se vê nem mesmo um só; cortaram as árvores da margem, cimento e pedra viraram a realidade sem dó.

                                   A vontade que já temos é começar nova vida, numa cidade florida, empreendedora e elegante. Vendo crescer a grama, colégios, empregos e bandas, progresso por toda parte. Na verdade Bom Jesus precisa, doa a quem doa a medida, de fazer de uma empreitada: Barba, Cabelo e Bigode.

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