domingo, 24 de janeiro de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

PRÉ–SAL TUDO, PRÓ–POVO NADA -  NF 10 - 2209                     

                                                                    Neumar Monteiro

                                                                             

O presidente Lula anda sorrindo de orelha a orelha com a novidade do Pré-sal, a grande aposta econômica do país. Os reais são contados e os oportunistas de plantão já escolhem cargos administrativos no grande empreendimento. Aliás, já são contados os dólares em dedos que comicham de tê-los. Mas, como disse o repórter, a área do pré-sal é um desafio abissal, com rima e tudo, que vai esquentar a cabeça de muitos políticos ambiciosos.

Há muito aprendemos na escola sobre a campanha do petróleo promovida por nacionalistas, que culminou na criação da petrolífera nacional Petrobras. Conta-se que o país assistiu uma batalha entre nacionalistas e entreguistas: os primeiros, lutando em defesa do monopólio estatal do petróleo, devido ao fato que os interesses nacionais divergiam de interesses internacionais,  enquanto os entreguistas defendiam a posição conciliadora com o capital estrangeiro. Naquele momento difícil para a nação, frente à perspectiva de uma nova guerra mundial, os militares, liderados pelo General Horta Barbosa, colocou a questão do petróleo como prioritária na hipótese de que se o Brasil precisasse de suprimento extra para defender-se teria que recorrer ao carro-de-boi. Assim sendo, por causa da proximidade de uma guerra, o Petróleo virou item de segurança nacional.

“O Petróleo é Nosso” foi o lema da campanha de preservação nacionalista, que contou com muitos e árduos obstáculos. A data da fundação da Petrobras, em 03 de outubro de 1953, assinalou o começo da emancipação econômica da nação brasileira com base no monopólio estatal.

Tudo aconteceu abaixo do céu e sob a terra, dando um arranco gigantesco na economia brasileira. Infelizmente o ouro negro continua a jorrar privilegiando poucos. Realmente, num país grandioso de cuja prospecção emana tesouros o povo é esquecido. Pré-riquezas e pré-oportunidades são para os  mesmos que antes se apossaram da coisa pública. Ademais, gente como a gente que se vê nas ruas sem escola, desolada e esquecida como em décadas anteriores, continua a mesma de quando a esperança era verde e o petróleo preto... Os discursos prosseguem sendo jogados em praças como confetes no carnaval: voando e voando como promessas ao vento. Às vezes não creditamos verdadeiras algumas notícias que se espalham. Tudo é muito promissor e certinho, conforme a propaganda política, mas nada acontece de novo como nuvem que passa sem deixar vestígio.

A novidade da vez é o Pré-sal, que abrange águas nunca dantes exploradas. Quando será a vez do Pró-povo? Aquele que cava o poço, que necessita sobreviver, alimentar os filhos, que elege o presidente, que padece dor de dente... Mas é gente! Onde o povo está?... Em alguma ruela escura, morrendo de medo que lhe falte o emprego que alimenta a família. Tanto petróleo no Brasil... Que não cabe num salário mínimo! Salvem-se pelos menos as baleias! Façam festa, comemorem a grande novidade com vontade de crescer... O Brasil precisa acreditar em dias melhores, até mesmo pela proximidade de novas eleições! E o Pré-sal, coincidentemente, veio em boa hora. 

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