sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

CRÔNICAS & ARTIGOS

 

NÃO HÁ COMO NEGAR -  NF  09 - 2009

                                                                                                         Neumar Monteiro

                                                                          

                        Não há como negar que a música símbolo de 2009 é “Smile”, composição do imortal Charles Chaplin nos idos do cinema mudo. A música logo tomou rumo próprio avançando destemida, como musa que era, por todos os continentes, servindo de protesto em reivindicações sociais ou de terapia do bem viver para os interessados na paz. Assim foi ganhando espaço nos corações e crescendo como broto de bambu em terra promissora: “Sorri quando a dor te torturar e a saudade atormentar os teus dias tristonhos, vazios, sorri...” Quem não se sente assim saudoso dos tempos felizes quando se era jovem, quando viva a felicidade e quando havia esperança no brilho dos olhos da criança? Já faz tempo que lutamos por um Brasil melhor, por uma política transparente e pela oportunidade de ser igual àqueles que sempre estão no topo da lista dos apadrinhados.  Aos esperançosos só resta sorrir.

                        O irmão de Michael Jackson cantou ‘Smile’ no mega espetáculo de despedida do astro.  Aliás, uma canção muito bem lembrada posto que já fosse interpretada por Nat King Cole, Tony Bennet, Barbra Streisand e tantos outros fenômenos do cinema e da música. O genial compositor Braguinha fez a versão, expressando nela toda a sensibilidade do brasileiro sofrido, mas esperançoso; cansado, porém inquebrantável.

                     Pensando bem rir é o melhor remédio, como diziam os avôs. Mais vale sofrer sorrindo que se desesperando, caso o sofrimento for inevitável. Na verdade, sofrer nunca combinou com sorrisos muito embora a metáfora que empregamos como consolo.

                    Carlitos, o personagem de Chaplin, era muito interessante... Apaixonante, para sermos totalmente sinceros. Sua meiguice ia da bengala aos sapatos que calçavam uns pés engraçados que se uniam pelo calcanhar.  Um andar típico de patos. A bengala era rolada entre o indicador e o polegar, a dizer que a vida tem que estar segura pelo polegar e seguir em frente como apontava o indicador.  Chaplin era um gênio da comédia, dos melodramas e das paixões quando encarnava o Carlitos. Os seus olhos refletiam um mundo de ternura onde crianças não passam fome; seu riso, quando triste ou quando alegre, era explosão da felicidade pelo pão repartido. Enfim, Carlitos encarnava tudo de bom até mesmo quando equilibrava o globo terrestre interpretando o Hitler, uma pantomima ao homem que queria dominar o mundo.       

                        Sim, “Smile” é a canção de 2009! Tanto pelos descasos governamentais no nosso Brasil, tanto pelo escândalo dos atos secretos do Senado; também pela miséria que cresce e pelo pão faltoso nos embornais corações de maus políticos da caridade humana. Sorria!  Mesmo porque chorar não comove.

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